Parece ser natural esperar que aqueles que fazem divulgação científica se ocupem, principalmente, em comunicar o conhecimento já consolidado, como ideias básicas de física quântica ou a eficácia das vacinas. Ou então se ocupem em contar as descobertas mais recentes obtidas nos laboratórios e em estudos teóricos, mostrar aplicações tecnológicas incríveis e revelar novas relações entre diferentes áreas.
Sem dúvida há múltiplas razões para que se faça divulgação científica nessa linha, como fortalecimento da cidadania, estímulo à curiosidade e prestação de contas à sociedade. Mas a ciência não consiste apenas de certeza, ao contrário da imagem criada, em grande parte, pela indústria de entretenimento. Mais frequentemente do que se imagina, não há uma fórmula mágica que responda as perguntas que o mundo oferece. A dúvida é uma constante no dia a dia de um cientista. É mais comum encontrar um cientista coçando a cabeça tentando entender algo do que correndo pelas ruas gritando: “Eureka!”.
Marco Moriconi
Instituto de Física,
Universidade Federal Fluminense