Sonhar não custa nada

Por que a interpretação dos sonhos no modelo da Grécia Antiga segue fazendo mais sucesso do que a obra de Freud?

CRÉDITO: ADOBESTOCK

O início de um novo ano sempre nos faz pensar em mudança de rumo e, principalmente, no que desejamos que aconteça de bom em nossas vidas. Nossos desejos também podem ser chamados de sonhos, no sentido de planos que fazemos quando estamos acordados. Mas e os sonhos que temos quando dormimos, quais significados podem ter? 

Um dos primeiros registros dessa preocupação em saber o que acontece com nossa mente quando estamos dormindo vem da Grécia antiga, mais precisamente no século 2 antes da nossa era. Os sonhos eram considerados uma espécie de premonição, um aviso sobre o que poderia acontecer e quais atitudes deveriam ser tomadas diante de uma situação complexa. Para a devida interpretação dos sonhos, os gregos consultavam os especialistas em decifrar os mistérios da vida, como os adivinhos, os arúspices (sacerdotes que liam as vísceras dos animais), os oneirocríticos. 

Artemidoro, além de ter sido reconhecido como filósofo, foi o mais importante oneirocrítico de sua época, ele se dedicou a pesquisar e estudar tudo que se referia ao assunto. Escreveu um livro célebre sobre o tema:  A interpretação dos sonhos, obra lida com grande interesse por Sigmund Freud (1856-1939) e que o inspirou a fazer o seu livro também nomeado de A interpretação dos sonhos. 

Ocorre que Artemidoro, diferentemente de Freud, consultou vários adivinhos do seu tempo, além de não se preocupar com resultados que pudessem ser comprovados pela ciência. Ele dividiu os sonhos em duas categorias, os simples – que se relacionavam com as coisas do presente, do dia a dia – e os oníricos, que tinham a ver com o futuro, com as premonições. Embora estejamos no século 21, e por mais incrível que possa parecer à luz da ciência, são as interpretações similares às de Artemidoro que fazem sucesso até hoje, muito mais do que as de Freud.