Diversidade celebrada

Se você é um dos admiradores dos ensaios que o geneticista mineiro Sergio Danilo Pena publica na segunda sexta-feira do mês na Ciência Hoje On-line, tem agora mais uma oportunidade de ter em sua estante os textos da coluna Deriva Genética publicados em meio impresso. Lançado no final do ano passado pela UFMG, o livro Igualmente diferentes reúne 18 textos de Pena, que ganham força e coesão ao serem apresentados em um volume único.

O leitor encontrará no livro os temas caros ao colunista, a começar pelo combate à sociedade racializada em que vivemos. Os ensaios em que Sergio Pena celebra a diversidade do povo brasileiro e da espécie humana oferecem um conjunto de argumentos biológicos e filosóficos que denunciam a fragilidade de qualquer tentativa de classificação racial da humanidade.

Capa - Igualmente diferentes
Capa do livro ‘Igualmente diferentes’, que reúne ensaios do colunista Sergio Danilo Pena.

O livro não se resume, no entanto, aos ensaios sobre racismo. Também estão ali artigos que discutem o papel da divulgação científica, celebram o legado de Charles Darwin e discutem espinhosas questões éticas que surgem com o avanço da engenharia genética. Os temas são tratados sempre com a linguagem elegante e o humanismo característicos da prosa do colunista.

Não espere encontrar em Igualmente diferentes uma mera reprodução dos artigos publicados originalmente on-line. Os textos foram atualizados e adaptados para o formato livro. Além disso, o volume tem uma apresentação inédita em que Sergio Pena faz um balanço de sua atividade como colunista – já se vão exatos quatro anos desde que ele publicou seu primeiro texto na CH On-line. Vale reproduzir o parágrafo em que ele discute suas motivações para se dedicar à divulgação científica:

O leitor pode indagar por que eu, um médico e cientista, decidi me aventurar pelas areias movediças do ensaísmo científico. A razão é que, como Martin Luther King, eu tenho um sonho. O meu é o de uma sociedade em que a ciência participe como agente de evolução moral. Absorvi da filósofa Telma Birchal a tese de que, embora a ciência não seja o campo de origem dos mandamentos morais, ela tem um papel importante na instrução da esfera social. Ao mostrar ‘o que não é’, ela liberta pelo poder de afastar erros e preconceitos.

 

“Festa do saber”

Igualmente diferentes vem se juntar a À flor da pele, volume lançado em pela Vieira&Lent em 2007 com os primeiros ensaios de Pena publicados na CH On-line. Mais recentemente, ele publicou pela Publifolha em 2008 o livro Humanidade sem raças?, em que sistematizou seus argumentos em favor de uma sociedade desracializada.

O lançamento desse livro é mais uma oportunidade para ver reunidos textos que louvam a grande família composta pela espécie humana. Ou, como resume o filósofo e arquiteto Carlos Antônio Leite Brandão na orelha de Igualmente diferentes: “Este livro é uma festa do saber, da diversidade e da alegria de sermos o que somos, e que por vezes esquecemos: seres abertos e plurais dentro de uma sociedade única que deve ser pensada como uma família universal em que cada indivíduo é livre para escolher, criar e assumir os múltiplos níveis e dobras com que são feitos seu DNA e sua plástica identidade.”

 

Igualmente diferentes
Sérgio Danilo Junho Pena
Belo Horizonte, 2009, Editora UFMG
116 páginas – R$ 30,00
Tel.: (31) 3409-4657

Bernardo Esteves
Ciência Hoje On-line