A educação na SBPC

Bom, vocês devem ter notado que o Alô, Professor andou sumido na semana passada. É que a maioria da redação estava na reunião anual da SBPC, em Natal (RN).

Embora a SBPC não seja um evento voltado exclusivamente à educação, há muitos profissionais da área na reunião

Apesar da correria entre apuração e publicação das matérias, anotamos algumas dicas para a nossa seção voltada aos professores. Afinal, embora a SBPC não seja um evento voltado exclusivamente à educação, há muitos profissionais da área na reunião.

Para começar, contamos com ajuda dos nossos amigos do Jornal da Ciência nessa cobertura ampla. Eles estiveram presentes em muitas mesas a que, por falta de tempo, não pudemos assistir.

Daniela Oliveira, do JC, escreveu sobre a mesa que discutiu políticas públicas para melhorar o ensino de ciências no país. Ela destacou a fala do matemático Nilson Machado, da Universidade de São Paulo (USP). O educador disse que o Brasil necessita de um projeto nacional que tenha como objetivo imediato a universalização da educação básica.

O Nordeste e a educação

Nem sempre o tema “educação” apareceu nominalmente em conferências que tinham, entretanto, o ensino como cerne do debate. O editor da CH On-line, Bernardo Esteves, acompanhou a conferência do meteorologista Paulo Nobre (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe) sobre a influência das mudanças climáticas no Nordeste do país.

“Temos de abandonar a visão de que o Nordeste é pobre porque não temágua, e para isso é preciso que haja educação de qualidade para todos”

A exposição, que poderia muito bem não ter nada a ver com educação, ganhou, nos momentos finais, uma análise sobre a condição do sistema escolar do país: “Temos de abandonar a visão de que o Nordeste é pobre porque não tem água, e para isso é preciso que haja educação de qualidade para todos”, disse Nobre.

Bernardo ainda assistiu à entrega do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica para o neurocientista, colunista e cofundador da CH On-line, Roberto Lent.

Em sua fala, Lent destaca a disparidade que existe entre a produção científica de alto nível e a educação em ciências do ensino básico nacional. “Evoluímos bastante [na educação], mas ainda estamos longe do necessário para um país como o nosso”, apontou, com preocupação, o neurocientista. 

Jovens cientistas

O já conhecido bate-papo com os vencedores dos Prêmios Jovem Cientista e Destaque do Ano na Iniciação Científica também ocorreu durante a SBPC. Muitos deles ainda não completaram o ensino médio. A repórter da CH Isabela Fraga assistiu à mesa e, na próxima edição da revista impressa, publicará matéria sobre a conversa.

Eu tive a oportunidade de trocar ideias com jovens estudantes que frequentaram o evento. A maioria dos encontros ocorreu na sessão de pôsteres da SBPC.  Os expositores, recém-saídos do ensino médio, ainda guardavam boas lembranças de suas aulas de ciências na escola. 

“O português não é uma língua difícil, é uma língua mal ensinada”

Também conversei com o linguista da USP e Universidade Estadual de Campinas Ataliba Teixeira de Castilho, que propõe uma nova gramática baseada no português falado no Brasil. Ele me disse: “O português não é uma língua difícil, é uma língua mal ensinada”.

Neste momento, ainda trabalho na última matéria que trouxe da reunião da SBPC. Ela tem ligação direta com educação. É uma conversa com o físico e professor da USP Luís Carlos de Menezes. Ele se especializou na formação de professores de ciências para o ensino básico e tem várias opiniões – críticas – sobre o currículo do educador no país.

A matéria com Menezes sai ainda esta semana. São os frutos da intensa semana que passamos em Natal cobrindo o evento.

Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line

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