Apresentar obras de arte dentro de um contexto científico é a proposta da nova galeria Imagens da Natureza do Museu de História Natural de Londres. A exibição foi inaugurada no final de 2010 e mostra algumas peças selecionadas do acervo da instituição, que conta com mais de meio milhão de obras de arte.
“Algumas dessas obras estão sendo expostas ao público pela primeira vez,” observou a produtora Peronel Craddock. “Mas nós queríamos, além de mostrar as obras, chamar atenção para a ciência por trás das imagens e para como os cientistas vêm representando a natureza ao longo dos séculos.”
Entre os destaques da galeria está uma nova representação do dodô, ave originária das ilhas Maurício que foi extinta pelo homem no século 17. “Nós temos essa pintura, de aproximadamente 1620, que é considerada uma típica representação de um dodô: um animal gordo, com um papo enorme, a cabeça muito grande e pernas extremamente curtas.
Acontece que essas representações se baseavam em animais empalhados ou mesmo dodôs que eram levados para a Europa e alimentados de modo a ficarem muito gordos”, explicou Judith Magee, curadora da exibição.
“Já a pintura ao lado é recente e foi feita por um paleontólogo, com proporções mais cientificamente corretas, um papo menos exagerado, pernas mais longas e um pescoço mais alongado.”
Aquarelas chinesas
As aquarelas da coleção John Reeves, produzidas no século 19, também merecem atenção. “Reeves passou praticamente 30 anos na China como inspetor de chá da Companhia das Índias Orientais”, contou a curadora.
Mas sua paixão era mesmo história natural. Reeves contratava artistas locais para retratar a fauna e a flora da região e também alguns animais que chegavam de navio a Cantão, na época um importante porto comercial. É por isso que a coleção inclui também ilustrações de uma cacatua da Austrália e uma exótica (para os locais) arara da América do Sul.
Como as 2 mil aquarelas comissionadas por John Reeves são muito delicadas para ficarem expostas permanentemente, o museu decidiu exibi-las em esquema de rotação. A cada três meses, as imagens são substituídas por outras.
Veja um conjunto de pinturas expostas na nova galeria do Museu de História Natural de Londres
A galeria prova também que a arte de criar imagens científicas e esteticamente bonitas não parou no tempo. Ao lado das pinturas a óleo e ilustrações estão imagens feitas com técnicas mais recentes, como a microscopia eletrônica e a tomografia.
É o caso de um vídeo feito a partir da tomografia computadorizada de uma cabeça de tubarão martelo que está no museu há pelo menos 50 anos. O material serviu de base para um modelo tridimensional que foi colocado num túnel de vento para que cientistas pudessem estudar o olfato do animal.
“Esse é um ótimo exemplo de como uma técnica realmente moderna faz com que uma peça que está na coleção há tantos anos ainda possa nos trazer informações novas,” disse Peronel Craddock.
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Barbara Axt
Especial para a CH On-line/ Londres