Quem brinca com fogo…

Oxigênio, calor e combustível. Para haver fogo na cozinha, na lavoura ou em qualquer outra circunstância, esses três elementos são essenciais. Caso se perca o controle sobre ele, basta privá-lo de um desses componentes para pôr fim a um incêndio. O princípio é simples. Mas como colocá-lo em prática? Para responder a essa e a outras questões correlatas, os engenheiros florestais Ronaldo Viana Soares e Antonio Carlos Batista, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), lançaram recentemente o livro Incêndios florestais: controle, efeitos e uso do fogo.

Antes de apresentar o tema, os autores tratam de aspectos físico-químicos que têm influência direta sobre incêndios. Entre os vários tópicos minuciosamente discutidos nos primeiros capítulos, estão umidade e pressão atmosférica, radiação solar, ventos, massas de ar, formação de nuvens, precipitação de chuvas, química da combustão e princípios da transferência de calor.

“Com objetivos didáticos, o livro se destina tanto a estudantes de engenharia florestal quanto a profissionais que trabalham no campo ou em órgãos públicos”, diz Soares, pós-doutor em engenharia florestal pela Universidade da Califórnia (Estados Unidos). Mas fazendeiros, agricultores e ambientalistas também poderão tirar proveito da leitura da obra, que reúne muitas informações de seu interesse.

Os autores apresentam causas, efeitos, épocas e locais de ocorrência de incêndios florestais marcantes – dados que resultaram de mais de 20 anos de estudos sobre queimadas no Paraná. “Uma queimada pode ser benéfica à agricultura, pois permite boa limpeza do solo e é adequada a agricultores que não têm acesso a equipamentos para preparar a terra para o plantio”, explica Soares. Como as cinzas resultantes contêm nutrientes orgânicos, as queimadas enriquecem o solo. “No entanto, a técnica precisa ser aplicada corretamente, para evitar que uma queimada se transforme em um incêndio”, ressalva.

Fogo sob controle
Para que uma queimada seja mantida sob controle, ela deve ser feita em uma época do ano e em uma hora do dia adequadas, com condições de vento e umidade relativa do ar favoráveis. É necessário que se faça um aceiro – ‘estrada’ livre de vegetação em torno da área a ser queimada –, e uma equipe deve monitorar o processo com equipamentos capazes de conter o fogo caso ele se alastre. O número de pessoas da equipe – que deve estar munida de enxadas, foices, abafadores e extintores de água e de espuma – varia segundo o tamanho da área a ser queimada.

Além de apresentar técnicas adequadas de uso do fogo no manejo florestal, o livro aborda a prevenção de incêndios florestais com base na legislação vigente e na regulamentação de uso do fogo. Trata ainda de temas vitais para os esforços de combate a incêndios, como detecção de focos, mobilização de pessoal, planejamento de ações, identificação de equipamentos, métodos adequados e medidas de segurança a serem tomadas após o incêndio.

As 264 páginas de Incêndios florestais: controle, efeitos e uso do fogo compõem uma obra que, além de didática, é também um alerta contra incêndios aleatórios no campo, cujo número de casos é grande em várias partes do mundo, destruindo grandes áreas de floresta, muitas vezes localizadas em unidades de conservação. Editado pelos próprios autores, o livro não é o primeiro trabalho em conjunto de Soares e Batista, que já publicaram a quatro mãos Meteorologia e climatologia florestal e Manual de prevenção e combate a incêndios florestais.

Incêndios florestais: controle, efeitos e uso do fogo
Ronaldo Viana Soares e Antonio Carlos Batista
Curitiba, 2007, Edição dos autores
264 páginas – R$ 20,00
À venda na Fundação de Pesquisas Florestais (Centro de
Ciências Florestais da UFPR, Campus Jardim Botânico).
E-mail: fupef@floresta.ufpr.br . Tel.: (41)3360-4222    

Jaqueline Bartzen
Especial para a CH On-line/PR
06/11/2007