Decifrar pistas, fazer experimentos em laboratório e usar ferramentas tecnológicas para encontrar soluções de enigmas. Um projeto do Centro de Ciências de Araraquara (CCA) pretende transformar alunos de ensino médio em jovens detetives. E, assim, mostrar que a química muitas vezes está próxima das questões do dia-a-dia, tornando mais interessante o que é aprendido em sala de aula.
A Gincana Tecnológica e Investigativa de Química começou a ser oferecida este mês para escolas públicas e particulares da cidade, no interior de São Paulo. O projeto foi concebido pelo CCA, vinculado ao Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e ganhou o concurso de uma companhia de telefonia, em 2010, na categoria ‘Inovar na aprendizagem’.
Os R$ 50 mil do prêmio foram usados na compra de equipamentos como microscópios, lousas digitais e substâncias químicas para as diferentes etapas do desafio, que leva, ao todo, cerca de duas horas para ser solucionado.
“Muitos jovens dizem não gostar de ciências e de química, mas adoram aparelhos eletrônicos e séries investigativas de televisão que usam raciocínio e experimentos para resolver mistérios. A química está presente em tudo isso”, explica Luiz Antonio Andrade de Oliveira, coordenador do CCA.
Essa constatação motivou a elaboração de problemas e pistas com a ajuda do professor de ensino médio José Muruyama. Vários circuitos foram criados para que as soluções não vazassem entre as diferentes turmas, ou de uma escola para outra.
Pistas via celular
O projeto também envolve o treinamento de monitores (bolsistas de graduação) para acompanhar os participantes e tirar dúvidas ao longo da atividade. Eles também auxiliam os grupos no uso das tecnologias envolvidas, como os celulares em que recebem as pistas codificadas por meio de um software livre, o Kaywa Reader. “Esperamos conseguir ampliar o número de monitores dedicados à gincana no ano que vem”, diz Oliveira.
O maior desafio, segundo ele, é fazer com que a experiência lúdica seja de fato aproveitada na escola. “O ideal é que os professores façam a conexão do que os alunos veem aqui, no espaço não-formal, e o que se aprende no ano letivo. Mas isso ainda é raro”, observa Oliveira, com base nas outras atividades do CCA que têm objetivo de estimular a difusão de experimentos em ciências nas salas de aula.
Helena Aragão
Ciência Hoje On-line