Fisioterapeutas, fãs de anatomia, biólogos, médicos e, quem sabe, pintores. É difícil definir a quem se destina a nova ferramenta criada pelo Google no final de 2010: o Google Body Browser, uma espécie de Google Earth do corpo humano.
O que a comparação com a ferramenta que ajuda a conhecer regiões da Terra quer dizer na prática? Que agora é possível navegar pelos tecidos e camadas do corpo humano, tal como Dennis Quaid em Viagem insólita, o clássico filme da década de 1980.
A redação da CH On-line usou o Google Body e – mais do que qualquer outra coisa – se divertiu com a ferramenta. É possível, com um simples mexer de mouse, enxergar em três dimensões o corpo humano. São seis modos de visualização: a pele, o tecido muscular, o tecido ósseo, os órgãos, o sistema circulatório e o sistema nervoso.
O modelo do corpo a ser investigado é de uma mulher, o que impõe, obviamente, ausência de estruturas próprias ao corpo masculino e vice-versa.
A diversão por aqui foi isolar partes do corpo sobre as quais temos curiosidade. Eu procurei o famoso (para mim) trato iliotibial, fáscia que se localiza na parte lateral da coxa e desce até o joelho. Esse trato foi responsável por quase um ano de dor insuportável. Tive, em duas oportunidades distintas, inflamação no local. A contusão é tão rara que fez o médico parar o consultório para mostrar aos colegas um ‘mero mortal’ com um tipo de dor que só atleta tem – o chamado ‘joelho de corredor‘.
Fui, pois, atrás do trato iliotibial. Há um sistema de busca para ajudar a navegação. Apesar de a plataforma ainda estar em desenvolvimento e o sistema de busca às vezes ‘engasgar’, não foi difícil chegar até o meu algoz. Pude vê-lo de frente, de lado, por baixo; observei-o sob todas as perspectivas.
As meninas da redação foram igualmente curiosas. Pediram para encontrar o menor osso do corpo humano – o estribo – no canal auditivo. Quiseram ver também onde fica a hipófise, a válvula mitral e mais uma dezena de órgãos, tecidos, veias, artérias etc.
É possível navegar por meio de combinação de órgãos, tecidos e sistemas. Por exemplo: se eu quiser ver o que está ‘por cima’ do trato iliotibial, basta incluir no corpo, por meio de um movimento intuitivo de mouse, o músculo. Se desejar ver mais – as ligações nervosas do local, por exemplo –, preciso apenas alocar mais uma camada no corpo.
O Google Brasil já avisou que não há planos de traduzir a ferramenta para o português. Portanto, ao menos por ora, teremos de nos contentar em navegar pelo corpo humano em inglês. Outro entrave na página é o fato de não ser possível acessá-la com qualquer browser. As últimas versões do firefox e do chrome, no entanto, suportam a plataforma. Dá para aprender e se divertir muito por lá.
Assista a um tutorial (em inglês)
sobre o Google Body Browser
Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line