Não foi exatamente uma surpresa. O antropólogo Otávio Velho, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da diretoria do Instituto Ciência Hoje, foi um dos ganhadores do Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica. A premiação foi uma das novidades do 37º encontro anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), que começou ontem (23/09) em Águas de Lindoia (SP) e vai até o dia 27 de setembro.
Ainda que laureado, Velho não esteve presente na cerimônia de entrega do prêmio. O motivo? Seu voo atrasou. Quem recebeu a premiação em seu nome foi a antropóloga Lia Zanotta Machado, da Universidade de Brasília (UnB). “Otávio Velho é um grande intelectual”, destacou, lembrando que “sua excelência acadêmica sempre foi acompanhada por engajamento político e profunda capacidade de autorreflexão”.
Foram três categorias de premiação: antropologia (com o Prêmio Gilberto Velho), ciência política (com o Prêmio Gildo Marçal Brandão) e sociologia (com o Prêmio Antônio Flávio Pierucci), sendo dois laureados em cada área. O objetivo do novo prêmio é reconhecer professores e pesquisadores por suas contribuições acadêmicas, pelo impacto de suas produções intelectuais e por seu trabalho institucional em prol das ciências sociais e junto à Anpocs.
Na mesma categoria de Velho, foi premiado também o antropólogo Roque de Barros Laraia, da UnB. Na área de ciência política, as láureas foram para Maria Hermínia Tavares de Almeida, da Universidade de São Paulo (USP), e Wanderley Guilherme dos Santos, hoje aposentado pela UFRJ. Quanto aos prêmios na área de sociologia, eles foram para Sérgio Miceli Pessôa de Barros, da USP, e Alice Rangel de Paiva Abreu, da UFRJ. Abreu, aliás, não é figura nova aqui na CH On-line: a pesquisadora foi entrevistada em um dos encontros prévios à Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
Logo após a premiação, foi aberta a sessão de lançamentos de revistas e livros. Foram dezenas de novos títulos. Os curiosos podem dar uma espiada no blogue da Anpocs para checar os detalhes.
A semana promete
Um dos destaques da reunião da Anpocs, neste ano, é a presença de pesquisadores representantes dos BRICS – acrônimo para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “É uma iniciativa acadêmica pioneira, nunca realizada nesta magnitude em nenhum lugar do mundo”, disse o atual presidente da Anpocs, Gustavo Lins Ribeiro, da UnB.
Segundo ele, a ideia é dar um passo estratégico para unir os cientistas sociais desse bloco geopolítico. “Fala-se muito em internacionalização da ciência, mas não queremos uma internacionalização conservadora; queremos elos heterodoxos, com uma fertilização cruzada e estimulada pela imaginação e criatividade de nossos colegas que vêm de outros centros de produção de conhecimento.”
Henrique Kugler*
Ciência Hoje On-line
* O jornalista viajou a Águas de Lindoia a convite da Anpocs.