As pessoas atraem mais mosquitos vetores da malária quando têm no sangue o protozoário causador da doença em sua fase transmissível ao inseto. Essa foi a constatação de pesquisadores quenianos e franceses que observaram o comportamento dos mosquitos diante de crianças não infectadas e com dois estágios diferentes da infecção (transmissível ou não ao mosquito). Eles concluíram que os parasitas são capazes de modificar fatores como o odor corporal dos indivíduos a fim de garantir maiores chances de reprodução. Os resultados apontam a importância da rapidez no diagnóstico e no tratamento da malária para conter a epidemia.
Em experimentos realizados no Quênia, os cientistas construíram três tendas, conectadas por tubos que desembocavam em uma câmara central. Em cada tenda, foi colocada uma criança na faixa etária de três a quinze anos, com um diferente estado de infecção pelo protozoário que causa a forma mais grave da malária ( Plasmodium falciparum ): não infectada, no estágio inicial de infecção e em uma fase mais avançada da doença.

O mosquito Anopheles gambiae é o principal vetor da malária na África, onde o estudo foi realizado.
(foto: Jim Gathany / CDC)
Para comprovar que a atração dos mosquitos por aquele grupo de crianças não era uma mera coincidência de características individuais – como se elas sempre tivessem tido ‘sangue doce’ –, todos os participantes do estudo foram medicados e curados. Duas semanas depois, foram submetidos aos experimentos outra vez. Foi verificado, então, que o número de mosquitos que voavam em direção a cada tenda era praticamente igual.
Lia Brum
Ciência Hoje On-line
08/09/05
Para saber mais sobre a transmissão da malária,
leia “Uma doença antiga e muito atual” , artigo
publicado na Ciência Hoje das Crianças n. 124