Brasileiros desenvolvem bicicleta dobrável

Verão, tempo de viajar. Entre mochilas, brinquedos e guarda-sol dentro do carro, que tal levar também a bicicleta do seu filho? O detalhe é que ela não precisa mais ir no bagageiro: vai dobradinha no porta-malas — e quase não ocupa espaço. Essa novidade, que ainda não está à venda, promete facilitar e muito as férias de quem não dispensa uma pedalada — palavra dos irmãos inventores Flávio e Wagner Duarte, que começaram a desenvolver a bicicleta há um ano e meio na Excentric Tecnologia e Pesquisa, empresa incubada no Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da Universidade de Brasília (UnB).

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A bicicleta dobrada, de frente e de perfil. Nesse estado, ela mede 20 x 90 x 65 cm

Com apenas 20 cm de largura, 90 de comprimento e 65 de altura quando dobrada, a bicicleta é bem diferente dos modelos maleáveis lançados até agora. “A roda dianteira é maior que a traseira (aros com 26 e 20 polegadas de diâmetro respectivamente), o que aumenta o torque e diminui a velocidade”, afirma Flávio. “Em compensação, colocamos um sistema de marchas que deixa a bicicleta em iguais condições de desempenho se comparada às tradicionais.”

Outra diferença é a posição das suspensões. Por uma questão de conforto, os inventores preferiram colocá-las na coluna do banco, enquanto na maioria das bicicletas ficam junto ao garfo (a forquilha das rodas). Além disso, os irmãos acoplaram um banco plano de espuma desenvolvido por eles mesmos chamado ’Sentta’, para garantir pedaladas sem incômodos.

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Apesar do porte aparentemente pequeno, a bicicleta dobrável
pode facilmente ser usada por adultos (fotos: Wagner Duarte)

Alguns conhecimentos de mecânica e bastante criatividade foram requisitos básicos para Flávio e Wagner acharem uma solução prática a fim de montar a nova bicicleta. “Ela pode ser projetada em alumínio ou fibra de carbono — materiais bem leves e que não enferrujam”, conta Flávio.

Como está em fase de testes e ainda não chegou ao mercado, é difícil ter uma perspectiva de preço neste momento. No entanto, Flávio acredita que, a princípio, a bicicleta custe cerca de mil reais. “Por mais que pareça cara, é bem mais vantajosa que as importadas dobráveis, que custam por volta de três mil reais e são maiores”, diz.

Os sistemas de dobrar, de suspensão e o banco já foram patenteados. Segundo Flávio, duas empresas nacionais e uma argentina mostraram interesse pelo produto, que deve ser finalizado apenas em abril de 2004. Enquanto fazem os últimos ajustes, os irmãos pensam em um nome para essa bicicleta, que tem tudo para tornar os feriados mais divertidos.

Andreia Fanzeres
Ciência Hoje On-line
21/01/04