Cara e coroa

Página inicial do banco de dados Venom, que relaciona informações sobre venenos de animais e plantas medicinais (reprodução).

Boa notícia para os pesquisadores que desejam identificar plantas medicinais capazes de agir sobre o veneno de um determinado animal. Está no ar um novo portal na internet – o Venom – com o objetivo específico de apontar as relações entre esses tipos de espécies animais e vegetais. Com uma busca nesse banco de dados, os cientistas podem descobrir qual planta é adequada para combater o efeito do veneno de serpentes, aranhas e outras espécies.

Embora existam outros bancos de dados sobre animais e plantas, o Venom é o primeiro a correlacionar as informações específicas sobre animais venenosos e plantas medicinais. O criador dessa iniciativa, o analista de sistemas Renato David Puga, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP), espera que ele possa inspirar a realização de pesquisas. “Um pesquisador pode descobrir no portal que determinada planta age contra o veneno de aranhas e investigar se ela também tem ação contra outra espécie de animal”, vislumbra.

O banco de dados tem, até o momento, 97 informações sobre plantas medicinais com propriedades antiveneno e 4.624 sobre animais venenosos. São 392 espécies de serpentes, sapos, moluscos, abelhas, aranhas e outros animais. Os dados sobre plantas foram extraídos de artigos publicados em periódicos científicos e então relacionados às propriedades antiveneno. Já os de animais foram retirados do banco de dados do Centro Nacional para Informação em Biotecnologia, dos Estados Unidos (NCBI, na sigla em inglês).

A proposta é estruturar uma rede de colaboração para alimentar o portal com novos dados. Pesquisadores brasileiros e estrangeiros podem se cadastrar e incluir informações que tenham encontrado em seus estudos. As pesquisas são avaliadas por professores responsáveis pelo Venom e incluídas no portal. “A idéia é integrar os grupos de pesquisa que seguem essa linha e deixar o banco com o maior número de dados possível”, afirma Puga, que teve a orientação da física Silvana Giuliatti, da FMRP, no desenvolvimento do projeto.

Divisão em categorias
O usuário em busca de informações no Venom pode procurá-las por palavras-chave ou categorias. As plantas são divididas por espécie, família e propriedades antiveneno relacionadas aos animais em que atuam. Já os animais são categorizados por espécie, gênero, seqüências de proteínas e seus produtos. Na base de dados, feita com base no software livre Drupal e um gerenciador de conteúdo, essas informações podem ser cruzadas e relacionadas.

Para o futuro, existe a proposta de uma integração com outras bases de dados. “Se o usuário visualizar informações sobre uma espécie de serpente, por exemplo, ele poderá ter um atalho que o leve a outra base de dados que tenha detalhes complementares sobre o animal”, prevê Puga.

O Venom está no ar desde o dia 15 de abril no endereço http://gbi.fmrp.usp.br/venom e exibe dados reunidos e organizados desde 2006. A língua do portal é o inglês, mas os pesquisadores estudam a possibilidade de oferecer uma versão em português.

Tatiane Leal
Ciência Hoje On-line
23/09/2008