Após quase sete anos de viagem e 3,5 bilhões de quilômetros percorridos, chega a Saturno a nave espacial Cassini, projeto desenvolvido em parceria entre as agências espaciais dos Estados Unidos (Nasa) e vários países europeus. No dia 1 o de julho, a sonda enfrenta o momento mais crítico de sua missão depois do lançamento: quando Cassini alcançar Saturno, um dispositivo ateará fogo ao motor principal da nave para diminuir sua velocidade e fazer com que ela seja ‘capturada’ como um satélite do planeta.
Após reduzir sua velocidade, a sonda Cassini será ‘capturada’ pela gravidade de Saturno e começará sua órbita em torno do planeta. A manobra deve durar cerca de 90 minutos. (imagens: Nasa/JPL)
Este será o melhor momento para observar os famosos anéis e a superfície do segundo maior planeta do Sistema Solar. Em sua passagem mais próxima por Saturno, Cassini entrará na órbita do planeta para iniciar uma exploração detalhada que deve durar quatro anos. A observação contínua permitirá que a missão analise as propriedades físicas do interior e da atmosfera de Saturno e suas relações com as camadas mais afastadas do planeta. Serão coletados dados sobre aspectos como distribuição de temperatura, composição química, campo magnético ou formação de nuvens e ventos.
Os cientistas pretendem, com o estudo, responder questões fundamentais sobre a evolução dos planetas. Com 31 luas conhecidas e anéis extensos e brilhantes, Saturno é considerado equivalente a uma miniatura do Sistema Solar. O conjunto vai servir de modelo para o estudo do disco e gás e poeira que, há bilhões de anos, envolvia o Sol e deu origem aos planetas.
Da estrutura dos anéis — sobretudo seus componentes sólidos, semelhantes à poeira interestelar — às luas geladas de Saturno, especialistas acreditam que entender os estágios iniciais da formação dos corpos celestes é uma etapa crucial para encontrar novos sistemas planetários.
À esquerda, Saturno fotografado pela sonda Cassini. À direita, Titã, cuja atmosfera composta basicamente de nitrogênio e compostos de carbono é semelhante à da Terra antes de ser habitada por seres vivos
O franco-italiano Giovanni Domenico Cassini (1625-1712; esq.) identificou 4 luas de Saturno e descobriu que os anéis do planeta são divididos em dois grupos por uma lacuna, batizada com seu nome. O holandês Christiaan Huygens (1629-1695) descobriu Titã e foi o primeiro a explicar o surgimento dos anéis de Saturno
Catarina Chagas
Ciência Hoje On-line
30/06/04