Como parte das comemorações do Ano da França no Brasil, as comunidades científicas dos dois países também estão estreitando seus laços. Entre as atividades incluídas na programação, está a realização de diversos eventos que reunirão pesquisadores franceses e brasileiros para trocar experiências e levar seu conhecimento ao grande público.
Por iniciativa da Academia Brasileira de Ciências (ABC), do Collège de France e da Academia de Ciências da França, estão sendo realizados, de 14 a 16 de setembro, colóquios científicos gratuitos no Rio de Janeiro e em São Paulo por ocasião do Ano da França no Brasil. A Universidade de São Paulo e o Instituto do Coração (Incor), também em São Paulo, abrigam os colóquios de química, biologia e ciências médicas. Entre os pesquisadores participantes estão o bioquímico francês Pierre Corvol, o médico brasileiro Eduardo Moacyr Krieger, os químicos Fernando Galembeck e Henrique Eisi Toma e o bioquímico Hernan Chaimovich.
Na sede da ABC, no Rio de Janeiro, ocorrem os colóquios de física e matemática, que recebem, entre outros pesquisadores, o físico francês Claude Cohen-Tannoudji e os físicos brasileiros Beatriz Barbuy, Luiz Davidovich, Moysés Nussenzveig e Ricardo Galvão. Entre os matemáticos estão o francês Pierre-Louis Lions e os brasileiros André Nachbin, Artur Avila e Marcelo Viana.
A programação inclui ainda uma série de conferências destinadas ao grande público. Com o título “Ciência para a sociedade”, o evento será realizado no dia 18 de setembro no auditório do BNDES, no Rio de Janeiro, e contará com palestras do climatologista Carlos Nobre, do geneticista e colunista da CH On-line Sergio Pena, do imunologista francês Jean-François Bach e do bioquímico francês Pierre Corvol.
Entrevistas exclusivas
À esquerda, o jovem matemático Artur Avila, do Impa, e à direita, o físico Claude Cohen-Tannoudji, do Collège de France.
Dois dos pesquisadores que participam dos colóquios no Rio de Janeiro foram entrevistados com exclusividade pela revista Ciência Hoje: o matemático Artur Avila, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), e o físico Claude Cohen-Tannoudji, do Collège de France.
A edição de outubro de 2009 da CH apresentará a precoce carreira de Avila, que hoje tem 30 anos: mais jovem directeur de recherche do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), ele foi o segundo brasileiro a ser convidado para proferir uma conferência plenária no Congresso Internacional de Matemática.
O pesquisador fala sobre seus estudos em sistemas dinâmicos e sobre como tem conseguido transpor seus conhecimentos nessa área para outros campos da matemática. Ele discute também o papel da boa divulgação científica, que poderia levar a um melhor conhecimento e maior interesse pela profissão. “Creio que se perdem muitas vocações, o que resulta de uma falta de exposição aos aspectos interessantes da matemática”, avalia.
Na edição de novembro de 2009, será publicada a entrevista com o físico francês Claude Cohen-Tannoudji, ganhador do prêmio Nobel de 1997 na área. O pesquisador apresenta sua pesquisa – que, para os leigos, parece paradoxal – de esfriar átomos usando um laser. Além de descrever de maneira simples seu trabalho, o físico mostra como seu ambiente familiar o levou à carreira científica. “Embora meus pais não tivessem muitos recursos, havia uma atmosfera de estudo em nossa casa”, conta. Ele também fala sobre sua atividade de divulgação da ciência e seus planos futuros.
França.Br 2009
Logotipo do Ano da França no Brasil.
O Ano da França no Brasil (ou siplesmente França.Br 2009) tem como objetivo aprofundar a parceria entre os dois países e contribuir para que os brasileiros conheçam um pouco mais a diversidade, a riqueza e o conhecimento da França. Trata-se de um evento importante para consolidar as relações bilaterais franco-brasileiras nas diferentes áreas, seja a cultural, a comercial, a universitária ou a econômica.
Inaugurado oficialmente no dia 21 de abril e com término previsto para o dia 15 de novembro, o França.Br 2009 inclui uma programação extensa e variada, que atinge todos os públicos e envolve as principais cidades brasileiras. Serão atividades artísticas, culturais, científicas, tecnológicas, acadêmicas e econômico-comerciais. A ideia é que o evento repita o sucesso do Ano do Brasil na França, que aconteceu em 2005 e permitiu aos franceses conhecer um pouco a cultura brasileira.
Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line
15/09/2009