Estrutura tridimensional da mioglobina, proteína envolvida no transporte de oxigênio nos músculos (imagem: S.E.V. Phillips).
Uma enciclopédia virtual das proteínas humanas pode ser o novo instrumento para acelerar estudos biológicos. A ‘Proteinopédia Humana’, como vem sendo chamada, reúne dados sobre proteínas produzidos e postados por cientistas de várias partes do mundo. Inspirado no modelo da enciclopédia colaborativa Wikipédia, o projeto permite que pesquisadores troquem informações sobre proteínas de seu interesse, e assim, abreviem o tempo de suas pesquisas.
A Proteinopédia Humana foi criada há quatro anos, por iniciativa do médico Akhilesh Pandey, do Instituto de Medicina Genética da Universidade Johns Hopkins (EUA). Até agora, cerca de 70 laboratórios de todo o mundo já registraram ali dados gerados por mais de 2 mil experimentos. Também foram incorporados dados de outros projetos, como o Atlas das Proteínas Humanas. Um balanço satisfatório da trajetória dessa iniciativa foi publicado este mês na revista Nature Biotechnology.
“Criamos uma base de dados que incorpora as ferramentas na internet, na qual os pesquisadores podem contribuir e trocar informações de maneira mais fácil”, afirma Pandey. Segundo ele, os avanços tecnológicos simplificaram a geração de informações, mas processá-las e interpretá-las é um grande desafio para os cientistas atualmente.
A Proteinopédia foi criada com o intuito de centralizar informações sobre como as proteínas são modificadas, em que tecidos ou células elas agem e como interagem umas com as outras. Ao reunir esse conhecimento em um único portal, a iniciativa facilita o acesso da comunidade científica aos dados.
Como publicar
Tela inicial da Proteinopédia Humana, iniciativa que reúne dados sobre proteínas publicados por pesquisadores de todo o mundo (www.humanproteinpedia.org).
Para publicar conteúdo na Proteinopédia, é necessário cadastrar-se, mas qualquer um pode acessar os dados disponibilizados no portal. Quem quiser publicar conteúdo deve informar em que tipo de experimento os dados postados foram obtidos e se os resultados foram divulgados em algum periódico.
Embora as iniciativas de conteúdo participativo agilizem o intercâmbio de informações, questões como a propriedade dos dados, a padronização das informações ou a necessidade de evidências experimentais podem ser problemáticas. Por isso, ao contrário do que acontece na Wikipédia, apenas aqueles que publicaram as informações podem editá-las ou corrigi-las. Além disso, as informações publicadas precisam já ter sido comprovadas experimentalmente.
“Com a quantidade de dados sobre proteínas que temos hoje, seria um trabalho hercúleo catalogar manualmente todas as proteínas humanas“, declara Pandey. “Esperamos que a comunidade científica contribua com dados produzidos em laboratórios individuais. Não seria importante apenas aumentarmos a qualidade dos dados divulgados, mas também o ritmo de publicações.”
Igor Waltz
Ciência Hoje On-line
25/02/2008