Anfíbios, répteis, aves, ratos, coelhos, macacos. O que esses animais têm em comum? Todos estão entre os muitos bichos usados na ciência para a realização das mais variadas pesquisas. Fundamental nas décadas passadas para diversas descobertas científicas, a experimentação animal vem sofrendo duras críticas e muitos defendem que já é hora de encerrar esse capítulo. Outros acreditam que abolir essa prática dos laboratórios ainda é inviável para a pesquisa contemporânea.
O debate acalorado, que volta e meia ganha destaque no Brasil e no mundo, envolve ética e uma boa dose de pragmatismo e parece longe do fim. Uma vez que diversas áreas da ciência ainda são intrinsecamente dependentes do uso de animais, o expediente parece continuar a ser um mal necessário, por mais que isso desagrade a muitos dos próprios pesquisadores que se utilizam dele. Para entender os vários aspectos dessa questão, a Ciência Hoje On-line conversou com o médico e biofísico Marcelo Morales, pesquisador do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Morales participou do processo de aprovação da Lei 11.794, conhecida como Lei Arouca, que regulamentou a experimentação animal no país em 2008, e é ex-coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal. O que pode parecer erroneamente contraditório é que o biofísico garante que seria um dos primeiros a comemorar o fim do uso de animais na ciência. Mas, segundo ele, esse momento infelizmente ainda não chegou. Por isso, tornou-se um defensor ferrenho das regras que garantem ética e responsabilidade nesses procedimentos.
Na videoentrevista a seguir, Morales avalia as possibilidades alternativas ao emprego de animais em experimentos, fala sobre a utilização dessa prática no setor privado e na indústria de cosméticos e defende que o debate sobre o tema deve ser mais amplo e realizado com bases científicas mais claras e bem estabelecidas.
Marcelo Garcia
Especial para Ciência Hoje On-line
Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line