Física brasileira é premiada pela Unesco

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Belita Koiller testa um dispositivo de visão noturna no Laboratório de Laser na UFRJ, com Claudio Lenz Cesar e Moreno Veloso (fotos: Micheline Pelletier/GAMMA)

Mais uma vez, o Dia Internacional da Mulher traz uma boa notícia para as pesquisadoras brasileiras. A física Belita Koiller é a terceira brasileira a receber o Prêmio L’Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência, por seu estudo teórico sobre elétrons em ambientes desordenados, como vidros, ligas e nanoestruturas. O prêmio de US$ 100 mil foi entregue no dia 3 de março, em cerimônia na sede da Unesco, em Paris.
 
É a terceira vez que uma brasileira recebe o Prêmio L’Oréal-Unesco. Antes de Koiller, foram contempladas a geneticista Mayana Zatz e a biofísica Lucia Mendonça-Previato , em 2001 e 2004 respectivamente.  Após se graduar em física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Belita Koiller realizou doutorado na Universidade da Califórnia em 1976. Ao voltar ao Brasil, foi professora da PUC e, desde 1994, está na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
 
Belita é autora de 77 artigos científicos, a maior parte na área de física da matéria condensada. Mais recentemente, suas pesquisas sobre semicondutores exerceram grande impacto em dois campos da física: a computação quântica e as nanociências. Semicondutores são materiais que oferecem resistência reduzida a correntes elétricas. Nas últimas décadas, essa linha de pesquisa evoluiu a passos largos: os semicondutores são amplamente utilizados em chips de computadores e aparelhos eletrônicos.
Belita desenvolveu novos métodos para o cálculo das propriedades dos elétrons que foram extensamente reconhecidos e adaptados por muitos outros físicos.  Ela também aplicou escalas de tamanho finito no estudo das ligas e das impurezas nos semicondutores. Espera-se que seu trabalho recente tenha grande impacto no desenvolvimento de dispositivos para o cálculo quântico.  No campo das nanociências, Koiller trabalhou com o comportamento eletromecânico dos nanotubos do carbono e com as propriedades óticas dos semicondutores.

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Belita Koiller em laboratório do Departamento de Física do Estado Sólido, no Instituto de Física da UFRJ.

A escolha das vencedoras cabe a um júri internacional, composto por grandes nomes da ciência mundial. A premiação deste ano foi presidida pelo francês Pierre-Gilles de Gennes, Nobel de física de 1991. Ela é entregue anualmente a cinco cientistas, uma de cada continente, com o objetivo de destacar e estimular a contribuição das mulheres para a ciência. Em 2005, Ano Internacional da Física, a premiação contemplou trabalhos inovadores nesse campo. Esta é a sétima edição do prêmio, oferecido pela fabricante francesa de cosméticos L’Oréal e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

O objetivo do prêmio é incentivar a participação das mulheres na produção científica, combatendo antigos e persistentes preconceitos de gênero que ainda existem no meio. “Afortunadamente, não tive problemas desse tipo ao longo de minha carreira”, diz Koiller na sua biografia publicada no site do prêmio. As relações de gênero no campo da ciência melhoraram bastante, mas há sempre espaço para maiores avanços”, diz.

Tiago Carvalho
Ciência Hoje On-line
08/03/05