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História

Nossa história tem início em 1982, quando um grupo de cientistas, integrantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), decide criar a primeira revista de divulgação científica do país. No intuito de estimular um debate mais amplo em torno da ciência e de seu impacto social, bem como de integrar a atividade de divulgação ao cotidiano dos pesquisadores como parte importante de suas responsabilidades profissionais e sociais, nasce a revista Ciência Hoje.

Pioneira no propósito de popularização da ciência no país, a Ciência Hoje abriu caminho para que surgissem outras publicações com objetivos similares. De seu sucesso, também brotou o desejo de estimular uma nova geração a se interessar pela informação científica. Então, em 1986, criou-se o suplemento Ciência Hoje das Crianças. O filhote foi tão bem recebido pelos pequenos leitores que, em 1990, ganhou autonomia, tornando-se uma revista independente.

Já em 1991, a Ciência Hoje das Crianças, pela notoriedade de seu conteúdo e singularidade como publicação de divulgação científica direcionada ao segmento infantojuvenil, passou a ser adquirida pelo Ministério da Educação e distribuída às escolas públicas de todo o país.

Na sequência, vieram muitos prêmios às duas publicações e, evidentemente, a vontade de fazer mais para ampliar a comunicação dos fatos e feitos da ciência brasileira. Os textos de Ciência Hoje das Crianças foram compilados por temas em uma coleção de livros paradidáticos, a Ciência Hoje na Escola. Surgiu também a vontade de experimentar as possibilidades de novas mídias, culminando com os sites CH Online e CHC Online.

Em 2001, embora permanecessem vinculadas à SBPC, as publicações ganharam autonomia administrativo-financeira com a criação do Instituto Ciência Hoje (ICH). No mesmo ano, o instituto assumiu um papel importante no incentivo à educação científica com o lançamento do Programa Ciência Hoje de Apoio à Educação (Pchae). O sucesso na formação de professores com base no centro de interesse dos alunos, tendo a revista Ciência Hoje das Crianças como instrumento de aprendizagem, foi consagrado com a certificação de Tecnologia Social pelo Banco do Brasil e o prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM Brasil).

Vieram ainda parcerias com a Fundação Roberto Marinho, a Rede Globo, a MultiRio, a Universidade Federal de Minas Gerais (para criação do suplemento sobreCultura) e muitas outras. Livros, e-books e aplicativos também passaram a fazer parte do portfólio do ICH.

Muitas ideias continuam impulsionando o trabalho dos fundadores, dos membros do conselho administrativo e da equipe responsável por todas atividades de comunicação do ICH.

Passagens marcantes de uma longa história

Na década de 1970, as reuniões anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) – momento em que a comunidade científica se reúne para discutir suas pesquisas e divulgá-las para o público em geral – ganharam repercussão e atraíram milhares de pesquisadores, professores, estudantes e a sociedade em geral.

A popularidade do evento era impulsionada, em parte, pelo posicionamento da própria SBPC e de muitos de seus membros em oposição à ditadura militar. Além disso, algumas questões situadas na fronteira entre ciência e política também mobilizavam o Brasil da época. Em especial, o início do programa nuclear brasileiro, baseado em um acordo entre Brasil e Alemanha assinado em 1976 e que poderia levar o país a fabricar a bomba atômica, mobilizou a comunidade científica.

Foram anos difíceis para a ciência, de perseguição intensa a vários cientistas, com impacto direto na sua disseminação. Mas, com a abertura política do país, a divulgação científica foi, aos poucos, retomando o fôlego, principalmente entre os que viam a ciência como fundamental para a superação do subdesenvolvimento e das mazelas sociais. Havia mobilização em diversos setores da sociedade no sentido de assegurar direitos aos cidadãos e rediscutir necessidades básicas do país, como a educação e a saúde.

Nesse cenário de grande mudança, o Brasil consolidava-se como importante centro produtor de ciência, e a própria comunidade científica percebeu que era preciso se mobilizar para assegurar a melhoria das condições para a realização da pesquisa científica no país. A retomada democrática era a oportunidade de discutir novas ideias e propostas para a ciência, com a inclusão de parcelas maiores da sociedade no debate das políticas científicas. Havia uma influência típica dos movimentos europeus de 1968 na busca por alternativas ao cumprimento da função social da ciência, influenciadas por novas formas de expressão e popularização do tema.

A divulgação científica ganhou espaço nesse debate. A ciência, que vivia então em um universo fechado, voltado apenas para estudantes e pesquisadores, precisava democratizar-se, chegar ao público não especializado – mas, para isso, os cientistas tinham que se habituar a divulgar seu trabalho. A época marca o início de diversas iniciativas de popularização da ciência: eventos científicos abertos ao grande público se tornaram mais frequentes, novos centros e museus de ciência se espalharam pelo país, e surgiram publicações dedicadas a divulgar pesquisas para a sociedade.

Gradativamente, esse movimento foi chegando à mídia nacional, que começou a dedicar mais espaço a temas relacionados com a ciência. Desse impulso também resultaram as primeiras tentativas de se produzirem programas de TV voltados para a divulgação da ciência, como Nossa Ciência, criado em 1979 – transmitido pelo canal governamental de educação e interrompido depois de apenas dez emissões –, e Globo Ciência, no ar desde 1984.

Na diretoria regional da SBPC no Rio de Janeiro, desde a gestão do neurocientista Roberto Lent, em meados dos anos 1970, já havia se consolidado uma estrutura administrativa e participativa de caráter multidisciplinar, com um conselho aberto a especialistas de diversas áreas. Foi nesse contexto tão variado de debate de ideias que surgiu o embrião do projeto Ciência Hoje.

A posse do físico Ennio Candotti, que sucedeu Lent na secretaria regional da SBPC no Rio, deu novo impulso à divulgação científica, com a criação de duas iniciativas marcantes: o programa Ciência às Seis e Meia – ciclo de conferências científicas realizadas em teatros, de caráter participativo, voltadas para o grande público – e o lançamento da Ciência Hoje.

A revista foi pioneira no ramo das publicações periódicas dedicadas exclusivamente à ciência – escrita por cientistas e dedicada à pesquisa nacional. A partir dela, surgiram outras revistas de divulgação científica.

Foi o acaso que tornou Roberto Lent e Alberto Passos Guimarães vizinhos no bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Foi lá que, ainda em 1978, surgiu a ideia de uma revista de divulgação científica. O primeiro encontro para discutir o projeto, naquele mesmo ano, já contava com Darcy Fontoura de Almeida (1930-2014), Renato Boschi e Fernando Lefèvre. Dessas reuniões surgiu o documento “Ciência Hoje – uma revista de difusão científica”, que propunha a criação de um veículo de divulgação produzido por pesquisadores, dedicado à publicação de material de qualidade, sem mitificar a ciência e dando destaque para o trabalho realizado no Brasil.

O projeto foi enviado para a avaliação de José Reis (1907-2002), um dos mais ativos divulgadores da ciência no Brasil. O médico, pesquisador e jornalista incentivou a criação da revista e alertou os colegas para as dificuldades que a ousada proposta poderia encontrar. Entre elas, a diferença entre as linguagens científica e jornalística, a quase inexistente tradição de cientistas brasileiros escreverem para o público leigo, a falta de disponibilidade de colaboradores, os custos e as vias de distribuição.

Além disso, Reis fez observações sobre a política editorial a ser adotada. Ele desaconselhou o modelo mais objetivo da Scientific American em prol de uma revista mais politizada, como a francesa La Recherche, citando também a Mosaic, a The Science e a New Scientist como possíveis fontes de inspiração.

Os conselhos ficaram guardados por algum tempo, junto com a ideia, por falta de recursos. Mas o projeto ganhou novo fôlego na gestão de Ennio Candotti na secretaria regional da SBPC no Rio. Com o apoio do então presidente da sociedade, Crodowaldo Pavan (1919-2009), e dos dirigentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque (1932-2011), e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Gerson Ferreira Filho, a iniciativa levantou, no início de 1982, recursos necessários à publicação da primeira edição da Ciência Hoje.

Os detalhes do projeto foram amarrados em reuniões realizadas nas casas de seus principais entusiastas – Ennio Candotti, Roberto Lent, Alberto Passos Guimarães e Darcy Fontoura de Almeida (1930-2014) – e em encontros no bar do Manoel, no campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A proposta singular era divulgar os diversos campos da ciência sem deixar de promover o debate político em torno de questões como cidadania, educação e participação universitária, possibilitando, assim, a democratização do conhecimento.

Originado no seio da comunidade científica, o comando de toda a produção estava nas mãos dos próprios cientistas, promovendo o contato direto entre o ‘produtor do conhecimento’ e o seu ‘consumidor’ – traço característico da CH que se mantém até hoje. Embora cerca de 70% do material publicado atualmente seja elaborado por jornalistas, o comando segue nas mãos dos cientistas. Isso trouxe, e ainda traz, o desafio adicional de substituir a linguagem hermética dos artigos técnicos, carregada de jargões e fórmulas, por textos mais simples, sem perda do rigor científico.

Nos meses que antecederam o lançamento da CH, Roberto Lent esteve nos Estados Unidos, quando pôde conversar com editores das principais revistas de divulgação científica americanas, como a Scientific American e a The Science. A comparação com a proposta brasileira mostrava diferenças claras. Além de serem comandadas por jornalistas e não por cientistas, eram planejadas com meses de antecedência – a Ciência Hoje, que seria lançada em julho, ainda não tinha sequer uma edição pronta.

Com a aproximação do lançamento da revista, a expectativa para o nascimento do tão desejado primogênito aumentava. Uma guinada de última hora quase mudou a história da CH. Decidiu-se substituir o nome original por Por quê?, na tentativa de exprimir melhor a pergunta do cientista diante de seu objeto de pesquisa. Mas, como o termo já estava registrado para uma publicação de São Paulo, o nome original foi mantido.

Mesmo às vésperas do lançamento, alguns viam com ceticismo a possibilidade de o rebento vingar. Muitos pesquisadores, mesmo entre os entusiastas da divulgação científica, duvidavam da possibilidade de se arcar com os custos e de obter colaborações necessárias para a revista. Entre os editores, no entanto, a confiança era grande e, mesmo com verba apenas para a publicação do número um, o projeto original de uma revista a ser vendida em bancas e distribuída a assinantes foi mantido.

No dia 7 de julho de 1982, ainda em um clima que misturava surpresa, reserva e euforia, pesquisadores, professores e estudantes de todo o país reunidos em Campinas (SP), durante a 34ª Reunião Anual da SBPC, receberam a primeira Ciência Hoje.

O lançamento da Ciência Hoje, programado para a 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em julho de 1982, quase não aconteceu. Vítima de um infortúnio, o veículo que transportava a edição se chocou com um caminhão carregado de galinhas. Artigos científicos para um lado, penas para o outro, a publicação se salvou.

Em seu primeiro número, CH trouxe como reportagem de capa a poluição em Cubatão (SP) associada ao progresso tecnológico na região, um tema de forte impacto social. A edição delineava o caráter eclético da revista, que abrangia diversos ramos da ciência, mostrava novidades do meio científico nacional e deixava claro seu cunho político. Artigos sobre neurociência, comunidades indígenas, música e sobre política científica e educacional completavam a edição, e seu editorial refletia a missão de militar pela popularização da ciência no país.

Os números seguintes foram na mesma linha, abordando temas considerados ‘perigosos’ pelo regime militar. Logo uma circular reservada do então Serviço Nacional de Informações (SNI) proibiu empresas estatais de anunciarem na revista. No entanto, o próprio ministro-chefe da Casa Civil dos governos Geisel e Figueiredo, Golbery do Couto e Silva (1911-1987), foi um dos primeiros assinantes da Ciência Hoje.

O sucesso de público ultrapassou as expectativas. Com 15 mil exemplares, a primeira edição esgotou e foi preparada uma nova tiragem de mais 10 mil cópias. Em poucos meses, a revista angariou quatro mil assinaturas e, em 1984, chegou à marca de 55 mil exemplares.

O pioneirismo do projeto proporcionou um grande destaque na mídia nacional logo em seus primeiros anos. Ainda no final de 1982, a recém-lançada Ciência Hoje conquistou uma menção honrosa do prêmio José Reis de Divulgação Científica, promovido pelo CNPq. No ano seguinte, levou o prêmio principal. A ótima repercussão estimulou a participação de mais pesquisadores.

Com alegria, os membros do Conselho da revista que viajavam até São Paulo, onde a revista era impressa, constataram que os gráficos que rodavam a publicação elogiavam sua diagramação e se interessavam pelos artigos, sinais de sua popularidade.

Os primeiros editores científicos da Ciência Hoje foram Ennio Candotti, Roberto Lent, Alberto Passos Guimarães e Darcy Fontoura de Almeida (1930-2014), e o primeiro Conselho Editorial era composto por Alzira Alves Abreu, Angelo Machado, Antônio César Olinto, Henrique Lins de Barros e José Monserrat Filho. A publicação contava ainda com uma representação da SBPC formada por José Reis, Maria Isaura Pereira da Queiroz, Oswaldo Frota-Pessoa (1917-2010), Otávio Velho, Pedro Malan, Reinaldo Guimarães e Rui Cerqueira. Contava ainda com a ajuda do físico José Leite Lopes (1918-2006).

A estrutura era mínima, resumindo-se a uma mesa, a um telefone e à funcionária número um da iniciativa, a secretária Zélia Freire Caldeira. A sede da revista funcionava em uma sala da casa 27, no campus da Praia Vermelha (UFRJ), que hoje abriga toda a organização. O espaço foi cedido pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).

Os líderes do projeto seguiam suas carreiras no laboratório e faziam dupla jornada para preparar a revista, realizando desde o contato com colaboradores até a finalização dos textos. Esse sistema criativo e colaborativo era reforçado por alguns poucos profissionais contratados para tarefas especializadas, como projeto gráfico, tratamento artístico e ilustrações.

Apesar do sucesso, a trajetória da Ciência Hoje nessa fase teve muitas dificuldades. Após a primeira edição, só havia verba para mais um número, novamente cedida pelo CNPq. Logo a SBPC passou a investir na iniciativa, mas a tarefa de obter recursos seguiu consumindo grande energia do grupo durante um bom tempo. Mesmo assim, sem ceder a interesses outros que não a ciência, o projeto foi ganhando maturidade.

Outros desafios, como encontrar a linguagem adequada, também foram, aos poucos, equacionados. A principal regra editorial da época é válida até hoje: os textos deviam ser claros e acessíveis a não especialistas. As informações deveriam ampliar o conhecimento de estudantes, pesquisadores, jornalistas e demais interessados. A questão não era simplificar, mas mostrar como a ciência é fascinante e, ao mesmo tempo, compreensível.

Prova do êxito do projeto Ciência Hoje nesse campo são os milhares de cientistas que já publicaram na revista, muitos dos quais tomaram gosto pela divulgação. A revista também foi pioneira ao abordar assuntos de interesse científico de forma profunda, publicando edições temáticas sobre fome, Nordeste, Amazônia e outros assuntos.

O sucesso garantiu à Ciência Hoje espaços em sala de aula, sendo usada em trabalhos e para consulta, e destaque fora do mundo científico: a revista apareceu nos quadrinhos da Turma da Mônica, de Maurício de Souza, e estava entre as leituras prediletas do Homem-Aranha, super-herói da Marvel Comics. Em uma primeira parceria com a Rede Globo, ganhou chamadas exibidas no horário nobre com a participação de celebridades como Chico Buarque e Fernanda Montenegro.

O sucesso do projeto Ciência Hoje levou seus idealizadores a pensar em novas iniciativas. A divulgação científica ganhava força no país no momento político em que setores da sociedade civil se organizavam em busca de mais direitos e conquistas sociais – os brasileiros viviam a expectativa do retorno à democracia plena.

O primeiro dos ‘filhotes‘ da Ciência Hoje foi um jornal idealizado pelo então diretor de comunicação da revista, José Monserrat Filho. O Informe surgiu na 37ª Reunião Anual da SBPC, em Belo Horizonte, em 1985.

Monocromático, publicado em papel ofício, tornou-se um espaço de discussão das políticas públicas de ciência, tecnologia e educação.
A partir de 6 de abril de 1990, o boletim passou a se chamar Jornal da Ciência Hoje e a circular quinzenalmente com oito páginas. Ainda na década de 1990, registrava tiragens de 15 mil exemplares. Em 1997, passou a contar com charges e ilustrações e ganhou a denominação que prevalece até hoje: Jornal da Ciência.

Em 1986, o projeto Ciência Hoje se voltou também para o público infantojuvenil criando a revista Ciência Hoje das Crianças, que surgiu como um encarte da edição de número 27 da revista. Na época, havia grande resistência à divulgação científica para o público infantojuvenil na SBPC, especialmente entre os pesquisadores envolvidos com a edição da revista Ciência e Cultura, também publicada pela entidade. Mas, com a persistência da equipe da Ciência Hoje, a ideia se concretizou.

Ciência Hoje das Crianças foi a primeira publicação brasileira de divulgação científica voltada para o público infantojuvenil. A ideia era apresentar conteúdo científico de qualidade, com linguagem e abordagem adequadas às crianças. O sucesso foi tanto que, em 1990, a CHC, como ficou conhecida, tornou-se uma publicação independente e, da compilação de seu conteúdo, anos depois, surgiu uma coleção de livros destinada ao ensino de ciência, a Ciência Hoje Na Escola. Em 1991, por meio de um acordo com o Ministério da Educação, a revista passou a ser distribuída a milhares de escolas públicas do Brasil, informando, divertindo e servindo de fonte de pesquisa para estudantes e professores.

Como não poderia deixar de ser, o conteúdo de CH e CHC se expandiu para a internet, dando origem às publicações eletrônicas CH Online e CHC Online, com conteúdo próprio e um crescimento exponencial.
O êxito das atividades de divulgação científica possibilitou que a relação com a educação científica se tornasse mais estrita.

Nesta direção, surgiu o Programa Ciência Hoje de Apoio à Educação (Pchae). Implementado em 2001, o programa tem como instrumento de apoio a Ciência Hoje das Crianças e visa promover mudanças na aprendizagem. Em 2012, o reconhecimento à qualidade do Pchae veio com a conquista do prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM Brasil), na categoria Educação Básica de Qualidade para Todos.

Diante da multiplicação das iniciativas de divulgação e educação, surgiu a necessidade de uma estrutura que desse conta de questões administrativas com mais autonomia e flexibilidade. Por isso, em 2003, foi oficialmente criado o Instituto Ciência Hoje (ICH), uma organização sem fins lucrativos.

Além de fomentar a divulgação científica no Brasil, o projeto Ciência Hoje buscou parcerias nos demais países da América Latina com o intuito de ajudar a incentivar a popularização da ciência em todo o continente.

A iniciativa mais bem-sucedida nesse sentido aconteceu na Argentina, país com o qual já havia um histórico de colaboração científica mais sólido. As primeiras sementes da parceria foram plantadas em 1985, quando Ennio Candotti, Roberto Lent e José Albertino Rodrigues (1928-1992) foram a Buenos Aires debater possíveis parcerias em divulgação com pesquisadores argentinos.

Três anos depois, em dezembro de 1988, nasceu a Ciencia Hoy, com a participação de físicos, biólogos, sociólogos, antropólogos, entre outros, reunidos na Associación Ciencia Hoy. Iniciativas semelhantes foram promovidas no Chile e México, mas o fortalecimento do neoliberalismo na América Latina dificultou as tentativas de cooperação.

A ideia inicial era criar uma revista em espanhol, com a qual seria possível colaborar, trocar artigos e até fotolitos, haja visto o projeto gráfico bem semelhante das duas publicações. Porém, a Ciencia Hoy passou por uma série de dificuldades e não acompanhou as mudanças estéticas e estruturais da Ciência Hoje. Hoje, embora ainda exista, a parceria é menos frequente. Em 2008, as duas revistas publicaram uma edição especial bilíngue, que resgatou episódios marcantes de cerca de um século de parcerias e colaborações em pesquisa científica entre os dois países.

Na década de 1990, o mercado editorial brasileiro enfrentou uma crise que colocou em risco todas as publicações nacionais, científicas ou não. Com a Ciência Hoje não foi diferente. Sem recursos, os números 70 e 71 da revista, de 1991, saíram preto e branco – uma passagem triste na história de CH, que desde a primeira edição publicava imagens coloridas. Na capa, o selo ‘Ciência Hoje: ameaçada de extinção’ denunciava a gravidade da situação.

A crise fez os editores se reunirem para debater e reavaliar o projeto editorial. A resposta da comunidade científica e da sociedade em geral foi rápida. Inúmeras cartas de apoio chegaram à redação e uma campanha de assinaturas foi deflagrada para ajudar a recuperar o orçamento.

O apoio da mídia também foi decisivo. Boa parte da imprensa brasileira noticiou o risco de extinção da revista. Resultado: o número seguinte retomou a impressão em cores, o déficit financeiro foi gradativamente suprido e a Ciência Hoje se revitalizou, voltando a ocupar lugar de destaque na divulgação científica nacional.

Ciência Hoje e Ciência Hoje das Crianças seguiam a todo vapor quando o mundo começou a viver outra grande transformação: a popularização das tecnologias digitais. No início da década de 1990, antes mesmo de a internet estar disponível para usuários brasileiros, CH  enveredou pelos caminhos eletrônicos, com a criação, em 1993, de uma das primeiras publicações eletrônicas em hipertexto, a Ciência Hoje Hipertexto (CHH).

Seu conteúdo – uma síntese das melhores matérias da revista impressa – era disponibilizado gratuitamente via Bulletin Board System (BBS). A tecnologia BBS permitia aos leitores acessar, via linha telefônica, o servidor disponível na redação da revista e fazer a transferência dos arquivos. Detalhe: um usuário por vez. No início, era disponibilizada apenas uma linha para utilização do serviço e apenas após o expediente, quando esta ficava ociosa. Com o tempo, o BBS precisou de duas linhas telefônicas exclusivas para atender à demanda.

Pelo servidor da Ciência Hoje, os leitores podiam realizar download da CHH, de artigos e reportagens da revista impressa e do Jornal da Ciência Hoje, além de imagens científicas disponibilizadas pelos pesquisadores ou retiradas da internet, cujo acesso ainda era privilégio exclusivo do meio acadêmico. O fluxo era tão grande que a operadora de telefonia da época, a Telerj, classificou Ciência Hoje como “ofensor de linha” – um número para o qual muitas pessoas discavam, sem conseguir contato.

Nas páginas da CHH os leitores puderam acompanhar eventos científicos emblemáticos, como o choque do cometa Shoemaker-Levy 9 com Júpiter, em julho de 1994, e o último eclipse total do Sol registrado no século 20, em novembro do mesmo ano. Em cerca de três anos, foram disponibilizados via BBS cerca de 150 artigos, 110 reportagens da revista impressa, 50 arquivos compactados com notícias do Jornal da Ciência Hoje, 17 números da CHH, 560 programas científicos, 280 jogos educativos, 140 animações e 750 imagens de animais e astros.

O projeto virtual se ampliou após o lançamento de um novo produto, a Ciência Hoje das Crianças Eletrônica, na Bienal do Livro de 1994. A edição também trazia uma adaptação da revista impressa, com imagens coloridas e jogos, no formato de um caderno escolar. Como era muito mais pesada que a CHH, não era disponibilizada em BBS, mas comercializada em disquetes. O sucesso foi tão grande que a distribuição acabou sendo terceirizada por meio de representantes em vários estados. As pioneiras iniciativas digitais ganhavam destaque em diversos jornais do país.

Com a liberação do acesso e a posterior consolidação da internet no Brasil, a última edição da CHH foi ao ar em outubro de 1995. A Ciência Hoje das Crianças Eletrônica foi interrompida em 1996. Porém, essas iniciativas serviram de base para os projetos digitais seguintes – ainda em 1996, entrou no ar a primeira versão da Ciência Hoje Online, também pioneira no ramo da divulgação científica eletrônica no Brasil, e, em 2001, foi lançada a Ciência Hoje das Crianças Online.

Já no novo século, a popularização das redes sociais mostrou que havia novas oportunidades de utilização da internet para a divulgação da ciência. O ICH passou, então, a fazer parte também desses ambientes, por meio de uma série de iniciativas. Seu canal no Twitter serve, desde 2009, como ferramenta de interação direta com os leitores, divulgação das notícias publicadas na CH Online e das principais novidades da ciência e da tecnologia. No canal do ICH no Youtube, criado em 2008, são compartilhados os vídeos produzidos pela redação ou disponibilizados pelos pesquisadores, em geral associados às matérias publicadas.

Criado em 2010, o perfil do ICH no Facebook – que em 2011 virou página – abriu mais uma porta de comunicação com os leitores, que hoje conta com quase um milhão de “curtidas”. Já por meio do Tumblr, o ICH apresenta ampla variedade de temas relacionados com a ciência em textos curtos e forte apelo de imagens.

Os frutos do Instituto Ciência Hoje vão além das publicações criadas e parcerias estabelecidas. É preciso ressaltar que parte significativa da comunidade científica aprendeu, nesse empreendimento, a se comunicar com leitores não especializados. Cabe destacar também que profissionais de comunicação conheceram uma nova forma de escrever sobre ciência – com qualidade e precisão. Hoje, mais de 300 números depois, o compromisso de levar à sociedade as pesquisas científicas e tecnológicas realizadas no Brasil se mantém vivo. Renova-se também, a cada edição, a promessa de estimular o senso crítico e aproximar a universidade da população, permitindo, assim, que a comunidade científica saia de seu ‘casulo’ e coloque o saber que detém em domínio público.

Apesar de todos os avanços na divulgação da ciência, ainda há muito a ser feito. Muitas das antigas questões relacionadas com a popularização e a democratização do conhecimento científico ainda permeiam a área e seguem como desafios para as próximas décadas.

O surgimento de veículos especializados em divulgação científica; de editorias de ciência em jornais, tevês e rádios; de centros, museus e galerias de ciência; e até de cursos para formação de divulgadores e jornalistas científicos representa, sem dúvida, grandes avanços das três últimas décadas. Mas a divulgação científica ainda tem muito a conquistar.

O dilema das diferenças na linguagem, na abordagem e na prática de cientistas e jornalistas continua vivo. Por isso, a busca de uma linguagem que atenda às exigências de cientistas e jornalistas deve ser um desafio permanente, pois é isso que permite que a ciência chegue à sociedade, democratizando o acesso ao conhecimento e possibilitando a reflexão sobre ele.

Hoje já existe a cultura de jornalistas especializados acessarem diretamente as novidades publicadas em revistas científicas internacionais, em uma clara aproximação entre os dois campos. No entanto, o cientista sempre terá papel essencial como fonte primária do conhecimento, como norteador da atuação de jornalistas e como divulgadores. Por isso, o compromisso assumido pelo Instituto Ciência Hoje nas últimas três décadas, de estimular o surgimento de cientistas comunicadores e de jornalistas de ciência cada vez mais experientes, continua.

O espaço e a importância dados à ciência nos meios de comunicação tendem a aumentar, assim como os esforços para a formação de mais profissionais especializados na área. É fundamental contar com divulgadores bem preparados para identificar as grandes questões sociais, econômicas, culturais e políticas envolvidas no empreendimento científico para, assim, compartilhar com a sociedade as reais expectativas relacionadas com as pesquisas em curso e estimular o exercício da cidadania.

O desafio de dar visibilidade à pesquisa nacional também não foi totalmente superado. Boa parte do material publicado na mídia brasileira apresenta novidades da ciência internacional. Aos estudos realizados no Brasil destina-se um espaço que não condiz com a relevância de nossa ciência no cenário internacional. O compromisso do Instituto Ciência Hoje continua sendo dar destaque aos pesquisadores brasileiros, sem perder de vista os grandes avanços científicos mundiais e seu impacto na sociedade brasileira.

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