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As espécies invasoras da Ilha Grande, localizada no litoral fluminense, são o tema de uma série de documentários concluída recentemente. Os filmes, dirigidos pelo dramaturgo Luiz Duarte com a coordenação científica da bióloga Sonia Barbosa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), divulgam estudos sobre animais e plantas não nativos que são introduzidos na região e acabam prejudicando seu ecossistema.

As pesquisas apresentadas nos documentários são realizadas pelo Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (Ceads), mantido pela Uerj na Ilha Grande. “A ideia era mostrar a nossa pesquisa de uma forma mais atrativa para leigos”, explica Barbosa.

As espécies invasoras prejudicam o ecossistema, pois alteram as relações entre os seres locais e levam novos parasitas para a área

Algumas das espécies invasoras pesquisadas na Ilha Grande são a lagartixa, o bambu e a jaqueira. Além de não serem nativas da região, elas prejudicam o ecossistema, pois alteram as relações entre os seres locais e levam novos parasitas para a área. “A jaqueira, por exemplo, faz sombra sobre outras plantas e prejudica a fotossíntese delas”, exemplifica Barbosa. As espécies invasoras têm poder de colonizar um ambiente estrangeiro com mais facilidade, o que as leva a se multiplicar com rapidez.

Combater as espécies invasoras é uma tarefa complicada, especialmente quando se trata de animais, por causa da sua capacidade de locomoção. “É quase impossível erradicá-los”, diz Barbosa. “O que se faz é controlar sua quantidade por meio de remoção”, conta. Mas essa estratégia custa caro aos cofres públicos e requer treinamento, para que as espécies nativas não sejam retiradas de seu hábitat por engano. “O ideal é que as pessoas evitem tirar animais e plantas de seus ambientes naturais”, adverte.

Veja abaixo trechos dos documentários sobre espécies invasoras dirigidos por Luiz Duarte:

 

Trilogia sobre estudos na Ilha Grande

Foram produzidos dez vídeos: oito deles dedicados exclusivamente às espécies invasoras, um ao resgate histórico da Vila Dois Rios – que sedia o Ecomuseu Ilha Grande, inaugurado pelo Ceads em junho de 2009 – e um à educação ambiental. O trabalho é fruto da iniciativa de Luiz Duarte de documentar as pesquisas realizadas no Ceads, uma espécie de quartel-general de instituições científicas interessadas em estudar assuntos relacionados à Ilha Grande.

A série de documentários sobre espécies invasoras é a segunda de uma espécie de trilogia que Duarte pretende fazer sobre as pesquisas desenvolvidas no Ceads. A primeira série, coordenada pela bióloga Helena Bergallo, também da Uerj, abordava a ecologia dos mamíferos da Ilha Grande. “A terceira série não tem tema definido ainda”, diz o dramaturgo, acrescentando que está à procura de uma linha de pesquisa para registrar.

Os documentários produzidos em conjunto com a Uerj estão disponíveis na videoteca da universidade. Além disso, a distribuição desse material – gratuita – será feita pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Só serão atendidos os pedidos de pessoas e instituições ligados à área acadêmica e científica.

 

Raquel Oliveira
Ciência Hoje On-line

Este texto foi atualizado para incluir a seguinte alteração:
Na legenda da primeira imagem, houve uma inversão: a concha da esquerda pertence ao caramujo gigante africano e a da direita, a um caramujo do gênero Megalobulimus, ao contrário do que a redação informou anteriormente. (26/08/2014)