Janela para os primórdios do universo

A imagem do Hubble mostra cerca de 10 mil galáxias. Visto da Terra, o
trecho correspondente do céu equivale a um décimo do diâmetro aparente da Lua. (Fotos: Nasa / ESA / S. Beckwith (STScI) / HUDF) Clique na imagem para ampliá-la

Uma imagem captada pelo telescópio espacial Hubble permite a contemplação do mais remoto passado cósmico já avistado pelo homem. Divulgada em 9 de março, a foto mostra o universo quando era um ‘bebê de colo’, com galáxias com idade entre 400 e 800 milhões de anos — quase nada comparados aos 13,7 bilhões de anos do universo atual.

Quanto mais longínquo o campo de alcance do Hubble, mais velha é a paisagem por ele retratada. Isso se deve ao fato de a luz viajar no vácuo a uma velocidade de 300 mil km/s. Assim, observar objetos muito afastados é o mesmo que vê-los como eram no instante em que a luz detectada foi originalmente emitida — no caso das galáxias registradas

pelo Hubble, cerca de 13 bilhões de anos atrás.

 


Os detalhes da foto do Hubble mostram que a maioria das galáxias
tinha formatos irregulares, em vez das elipses e espirais comuns nas
galáxias da nossa vizinhança. Clique nas imagens para ampliá-las As fotos desvendam detalhes do universo numa época em que ele era jovem e caótico, quando as primeiras estrelas começaram a brilhar e as primeiras galáxias surgiram. Os dados irão auxiliar cientistas de todo o mundo em pesquisas sobre o nascimento e a evolução dos astros. A região do céu retratada pelo Hubble corresponde à faixa em que se vê a constelação Fornax (abaixo da constelação Órion). Observada da Terra, ela parece ter poucas estrelas. O telescópio precisou ficar apontado para mesma região do céu durante um milhão de segundos para captar a luz fraca vinda desses objetos longínquos. A tarefa não é trivial: o Hubble gira em torno da Terra a uma velocidade de cerca de 28 mil km/h. Foram necessárias 400 órbitas, realizadas entre setembro de 2003 e de janeiro de 2004.  

 

O esquema representa o alcance de visão do Hubble. As galáxias vistas na imagem estão no chamado campo ultraprofundo do telescópio (arco violeta), que corresponde a cerca de 400-700 milhões de anos após o Big Bang – la

 

O Hubble já havia revelado anteriormente imagens do chamado campo profundo, que expunham o céu quando tinha somente um bilhão de anos. Em 2002, reformas feitas por astronautas a bordo de um ônibus espacial adicionaram ao telescópio uma nova câmera chamada ACS (câmera avançada para pesquisas), uma das responsáveis pela imagem recém-divulgada.

 

 

 

 

Renata Moehlecke
Ciência Hoje On-line
10/03/04

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