Extração de madeira na região amazônica
Esse índice de degradação foi determinado com o método de análise estatística multivariada, a partir de uma série de equações que envolviam variáveis referentes ao grau de cobertura vegetal, atividades agropecuárias e ocupação demográfica. A avaliação foi feita por Rubicleis da Silva, doutorando em economia pela Universidade Federal de Viçosa, e Claudiney Ribeiro, professor da Universidade Federal de São João Del Rei, ambas em Minas Gerais.
“O trabalho é feito com muitas variáveis. A idéia básica é dar pesos a elas e calcular o índice de degradação de uma área”, explica Claudiney. A definição do peso de cada variável no cálculo final foi baseada na produção vegetal e animal, cobertura vegetal e população da área estudada e no quanto esses fatores influenciavam o resultado final de degradação de cada município estudado.
O método já havia sido aplicado no Nordeste por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC); esta foi a primeira vez na Amazônia. “Fizemos alterações e incluímos novas informações para aplicarmos no Acre”, afirmou Rubicleis. “Agrupamos, por exemplo, os municípios em conjuntos similares de acordo com o indicador que mais influenciava na degradação deles.” Isso pode ser útil para que a criação de políticas públicas seja pensada de acordo com os problemas específicos de cada grupo de municípios.
Segundo os pesquisadores, um alto índice de degradação — 65,95% — foi verificado na região do Alto Acre (leste do estado), onde ficam o município de Brasiléia ou a capital Rio Branco. Enquanto isso, na região de Juruá (oeste do estado) o índice é zero. Rubicleis afirma que a diferença se deve ao fato de o Alto Acre estar entre as regiões de maior desenvolvimento do estado e onde há maior número de assentamentos agrícolas.
Claudiney Ribeiro confirma que a pesquisa chegou à conclusão que, dentre os indicadores utilizados no estudo, o que teria maior influência nos índices de degradação do Acre seria as atividades agropecuárias. “Há reservas de desenvolvimento sustentável coordenadas pelo Projeto Mamirauá onde a população ribeirinha é orientada para que o impacto sobre o ecossistema seja menor. Mas o maior problema são os grandes proprietários rurais, que não tomam esse cuidado”, lamenta.
O estudo foi publicado na edição do primeiro trimestre de 2004 da Revista de Economia e Sociologia Rural . No artigo, os autores afirmam que os índices são preocupantes pois, mesmo que a média pareça baixa, há municípios onde o índice de degradação ambiental ultrapassa 60%.
Os pesquisadores estão em busca de financiamento para dar prosseguimento ao estudo. A intenção é acrescentar ao conjunto de equações uma nova variável — quantidade de queimadas — e aplicar o método a toda a região amazônica.
Leia na internet o artigo de Rubicleis da Silva e Claudiney Ribeiro.
Aline Gatto Boueri
Ciência Hoje On-line
14/09/04