Memória digitalizada

Em uma sala da Biblioteca Nacional do Brasil, no centro da cidade do Rio de Janeiro, diversos scanners estão neste momento transformando mapas, fotos, cartas e documentos em informação digital. Em pouco tempo, eles estarão viajando para a tela de qualquer computador do mundo que esteja conectado à internet. A iniciativa faz parte do projeto Rede da Memória Virtual Brasileira, que busca disponibilizar gratuitamente acervos de instituições de todo o Brasil.

A Rede da Memória Virtual Brasileira, um portal integrado à Biblioteca Nacional Digital, disponibiliza textos e imagens dos acervos de instituições de todo o Brasil.

A Rede da Memória Virtual Brasileira é um portal integrado à Biblioteca Nacional Digital, conduzida por historiadores, bibliotecários, arquivistas, analistas de sistemas, entre outros profissionais. O projeto segue uma tendência mundial de migrar os acervos das bibliotecas para a internet, como forma de armazenamento e conservação da memória.

No ar há dois anos, o portal recebe material exclusivo – como textos de pesquisadores convidados – de instituições, universidades e fundações, que contribuem para a atualização dos registros da história e da cultura brasileiras. Hoje a Rede conta com 15 parceiros.

Segundo o historiador Paulo Miguel Moreira da Fonseca, que coordena o projeto, o objetivo principal da Rede é aproximar o acervo das instituições do público leigo e de estudantes, por meio de uma linguagem simples e uma navegação fácil. “Buscamos a maior inclusão possível. Infelizmente a quantidade de acessos ainda é pequena frente à riqueza de conteúdo que oferecemos”, diz.

História ilustrada
Na Rede da Memória Virtual Brasileira, a história também é contada com imagens. Todas elas podem ser visualizadas na Galeria Digital, uma das seções mais populares do portal, segundo Fonseca. No espaço voltado à literatura, o internauta encontra biografias detalhadas de todos os escritores brasileiros e pode ainda baixar a obra completa digitalizada de grandes autores, como Machado de Assis e José de Alencar.

Além de documentos antigos, o portal conta com um grande acervo contemporâneo. Na seção Galeria, Fonseca destaca os desenhos de Oscar Niemeyer, as fotografias da tribo indígena Yanomami de Cláudia Andujar e os desenhos do gravurista curitibano Potty Lazzarotto.

Mas Fonseca ressalta que o material está disponível apenas para consulta e que pedidos de autorização de uso são tratados individualmente. “Em muitos casos, os documentos têm direitos autorais vigentes. Se algum pesquisador precisar reproduzir peças do acervo, deve entrar em contato com a instituição detentora dos direitos”, esclarece o historiador.

De olho em projetos futuros, o coordenador da Rede da Memória Virtual Brasileira quer reunir mais parceiros, para integrar o acervo de bibliotecas de todo o Brasil. “Já estamos preparando para o ano que vem o material que entrará no portal para comemorar o ano da França no Brasil,” adianta.

A Biblioteca Nacional do Brasil também faz parte de um projeto de digitalização de registros históricos em escala global. Ela foi escolhida para representar a América Latina no maior acervo digital integrado do mundo – a Biblioteca Digital Mundial. O projeto, desenvolvido pela Unesco, reúne dez bibliotecas de países como China, Egito, Espanha, Rússia e Estados Unidos. “Essa integração mundial uniformizará ainda mais a informação histórica das bibliotecas. É um projeto incrível, a que todos poderão ter acesso em breve”, avalia Fonseca.

Juliana Marques
Ciência Hoje On-line
27/10/2008