Menos TV, mais movimento

Assistir menos à televisão ajuda a queimar calorias. É o que garante uma pesquisa com adultos obesos ou acima do peso feita na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos. Os cientistas concluíram que os voluntários tiveram um gasto de energia maior ao reduzirem à metade o tempo que passam em frente à televisão. A quantidade de calorias consumida pelos participantes se manteve estável.

O resultado, no entanto, não garante que abdicar de algumas horas de televisão implica necessariamente emagrecimento. A especialista em nutrição Jennifer Otten, responsável pelo estudo, conta à CH On-line que a maior lição a ser aprendida com a pesquisa é que a diminuição do tempo destinado a assistir à TV contribui para a redução do sedentarismo em adultos.

Os voluntários se dedicaram mais a atividades como ler, brincar com os filhos e passear com o cachorro

“Ainda que não utilize as horas em que não estava diante da televisão para praticar algum exercício físico intenso, o indivíduo experimenta um acréscimo no nível de atividade praticada”, diz Otten. Segundo ela, os voluntários se dedicaram mais a atividades como ler, brincar com os filhos e passear com o cachorro. “Isso pode ajudar a perder peso, mas é preciso que o aumento da atividade não seja trocado por um aumento na ingestão de calorias”, adverte.

Otten garante que esse é o primeiro estudo a comprovar o que para muitos parece óbvio. “Os resultados mostram que, para adultos obesos, o real impacto de assistir à TV em demasia é o decréscimo de atividade física praticada”, diz. A pesquisa foi publicada em dezembro de 2009 no periódico Archives of Internal Medicine.

Maior gasto de calorias

Durante seis semanas, 36 voluntários – homens e mulheres adultos obesos ou acima do peso – foram monitorados. Os participantes foram divididos em dois grupos: um que manteve seu hábito de assistir à televisão e outro que foi submetido a uma redução do tempo gasto diante da TV.

Os voluntários deste último grupo tinham seu televisor automaticamente desligado assim que um limite de horas estabelecido pelos pesquisadores era atingido. Cada participante tinha uma cota semanal: a metade da quantidade de horas que normalmente passava em frente à televisão. “O grupo que assistiu menos à televisão se movimentou mais, o que levou a um gasto de cerca de 120 calorias a mais por dia em comparação com o grupo de controle”, conta Otten.

Para surpresa da cientista, não houve mudanças nos hábitos alimentares dos voluntários

No entanto, para surpresa da cientista, não houve mudanças nos hábitos alimentares dos voluntários. Enquanto estudos anteriores, feitos com crianças, revelam que estas consomem uma quantidade menor de calorias quando assistem menos à TV, a pesquisa feita com adultos não constatou decréscimos nesse consumo. Segundo Otten, esses dados sugerem que as crianças podem ser mais facilmente influenciadas por propagandas de alimentos.

“Se a obesidade adulta também estivesse relacionada à alimentação em excesso na frente do televisor, as estratégias para conter a doença poderiam ter como foco mudanças nas propagandas televisivas”, argumenta a pesquisadora. “Mas nosso estudo mostra que essa medida não funcionaria muito bem nesses casos. A estratégia mais eficaz pode ser incentivar as pessoas a assistirem menos à televisão.”

 

Júlia Faria
Ciência Hoje On-line