Mulheres fumantes mais vulneráveis ao câncer

Mulheres correm duas vezes mais risco do que homens de desenvolver câncer de pulmão associado ao consumo de tabaco. Essa é a conclusão de um estudo que acompanhou quase três mil fumantes ao longo de dez anos nos Estados Unidos. Os resultados foram apresentados em 1 o de dezembro, na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte.

Segundo Claudia Henschke, professora do Centro Médico da Universidade Cornell (EUA) e autora principal do estudo, ainda não há consenso entre os pesquisadores em relação à causa do maior risco para mulheres tabagistas. A pesquisa indicou também que a probabilidade de desenvolver câncer de pulmão aumenta em função do número de anos de tabagismo do indivíduo e de sua idade — o risco se torna significativamente maior para fumantes com mais de 50 anos.

O estudo acompanhou 2968 homens e mulheres fumantes com mais de 40 anos de idade. O objetivo era determinar os fatores de risco de maior impacto na probabilidade de desenvolver câncer de pulmão. Foram considerados a idade, o sexo e o número de anos de tabagismo dos participantes. Os dados foram cruzados com o tamanho e a textura de nódulos de pulmão identificados nos participantes por meio de tomografia computadorizada (a pesquisa faz parte de um projeto concebido para avaliar a validade de se realizar esse exame anualmente em pessoas com grande risco de desenvolver câncer de pulmão).

Entre os quase três mil participantes do estudo, foram diagnosticados 77 casos de câncer de pulmão ao longo dos dez anos. Outros 1097 participantes tinham ao menos um nódulo no pulmão. Em função de seu tamanho e textura, os pesquisadores avaliaram a probabilidade de esses nódulos serem malignos.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), nove em cada dez casos de câncer de pulmão estão associados ao consumo de tabaco e derivados. A doença representa o tipo mais comum de tumores malignos, e sua incidência no mundo tem aumentado cerca de 2% por ano. No Brasil, o câncer de pulmão foi o tipo de tumor que mais fez vítimas no ano 2000. As estimativas do Inca para 2003 indicavam que haveria 22.085 novos casos de tumores de traquéia, brônquio e pulmão, 69% dos quais relativos a homens. Os números apontavam também a ocorrência de 16.230 mortes em decorrência desses tumores no mesmo período.

Bernardo Esteves
Ciência Hoje On-line
10/12/03