Novos motivos para cuidar das estradas

 

Caminhões que circulam por estradas em boas condições de pavimentação consomem menos combustível e reduzem suas emissões de gás carbônico para a atmosfera.

Buracos e asfalto degradado nas estradas não são prejudiciais apenas para os veículos, mas também para o bolso do motorista e o meio ambiente. Caminhões que circulam em rodovias em bom estado de conservação têm redução de 4,8% no consumo de combustível e uma economia de R$ 34 a cada cem quilômetros rodados, além de diminuir em 4,5% suas emissões de gás carbônico para a atmosfera. A conclusão vem de uma tese de doutorado defendida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), na Universidade de São Paulo.

Durante a pesquisa, foram realizados dois experimentos em que caminhões percorriam seis rotas diferentes, três consideradas boas e três ruins. A seleção levou em conta o critério adotado pela Pesquisa Rodoviária, realizada anualmente pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).

“As rotas boas foram as que receberam, de acordo com a CNT, qualificação de 100% de excelência. As que consideramos ruins no experimento foram as que receberam um percentual de 40 ou 50% de excelência na mesma pesquisa”, revela a economista agroindustrial Daniela Bartholomeu, autora da tese.

A pesquisadora buscou avaliar a quantidade de combustível gasto nos diferentes percursos, a velocidade média dos caminhões durante os trajetos e o tempo da viagem. Ela concluiu que os veículos que circularam por estradas mais bem conservadas, com menos buracos, mais vias de tráfego e maior fiscalização consumiram 4,8% menos combustível em relação aos que dependiam de rotas consideradas ruins. “Isso se deve ao fato de que, em estradas boas, o desempenho do carro é muito melhor”, explica.

Graças à redução no consumo de combustível, a pesquisadora observou que houve diminuição de 4,5% nas emissões de gás carbônico para a atmosfera. “Somadas a economia do combustível e a da manutenção de um caminhão que trafega em boas condições de pavimentação, os custos foram reduzidos em R$ 34 para cada cem quilômetros rodados”, acrescenta Bartholomeu. “Isso significa uma redução de 15% no custo do transporte de soja a granel em uma viagem de 1.100 quilômetros”, exemplifica.

A pesquisadora ressalta que, se o estudo tivesse sido feito em estradas em pior nível de conservação, os resultados teriam sido muito mais expressivos. “Nenhuma das rotas que avaliamos estava em estado péssimo, embora existam muitas nessas condições no Brasil. Infelizmente nos faltaram recursos para fazer a avaliação com outras estradas”, lamenta Bartholomeu.

No quesito tempo de viagem, a economista diz ter ficado surpresa com o resultado encontrado. “Esperava que o caminhão fosse levar mais tempo para percorrer uma estrada ruim do que para completar a mesma quilometragem em uma estrada boa. No entanto, nos casos estudados, praticamente não houve diferença“, diz. A explicação estaria no fato de as estradas boas incluírem também maior número de radares e mais fiscalização, o que força os motoristas a respeitarem os limites máximos de velocidade permitidos, comportamento que não é observado nas rotas ruins.  

Juliana Tinoco
Especial para CH On-line
30/01/2007