P1 e P2, os novos satélites do Sistema Solar

A ilustração mostra Plutão e Caronte vistos da superfífice de uma das novas luas; a outra é o ponto brilhante à esquerda (arte: Nasa/ESA)

A Nasa já tinha revelado e agora a revista Nature assinou embaixo: está confirmado que o planeta mais isolado do Sistema Solar tem dois novos satélites. A existência desses corpos na órbita de Plutão foi revelada por fotografias tiradas no último mês de maio pelo telescópio espacial Hubble e analisadas pela equipe de Hal Weaver, da Universidade Johns Hopkins.

Identificados somente como P1 e P2 (os nomes oficiais devem ser criados ainda este ano), os astros compõem um sistema extremante compacto, juntamente com o próprio Plutão e Caronte, sua única lua conhecida até aqui, descoberta em 1978. Com diâmetros de 50 e 60 quilômetros, os astros são cerca de vinte vezes menores do que Caronte.

Os três satélites estão no mesmo plano, mas a órbita das novas luas é um pouco maior: enquanto P1 e P2 dão a volta em Plutão em 38 e 25 dias, respectivamente, Caronte precisa de apenas seis dias.

Em artigo na Nature , os responsáveis pela descoberta sugerem que esses satélites devem ter se originado a partir de uma grande colisão, ocorrida há 4,5 bilhões de anos. O choque, que gerou Caronte, fez com que uma infinidade de fragmentos vagasse pela órbita de Plutão. Segundo os especialistas, a união desses pedaços criou P1 e P2.

Astrônomos do mundo inteiro discutem se Plutão deveria ou não ser classificado como um planeta. O astro possui características muito diferentes das de outros planetas, principalmente em relação ao tamanho (ele tem apenas dois terços do tamanho da Lua) e à sua órbita inclinada. Segundo o astrônomo Mike Brown, os únicos motivos para considerar Plutão um planeta são culturais. A descoberta recente de dois candidatos a planeta, 2003UB313 e Quaoar , trouxe à tona essa discussão.A busca por outros satélites de Plutão foi motivada pela nova missão da Nasa, a New Horizons. Enviada ao espaço em janeiro, a espaçonave percorrerá cerca de 4,8 bilhões de quilômetros até 2015, quando deverá chegar no cinturão de Kuiper, área que tem início na órbita de Netuno e inclui Plutão. O objetivo principal é investigar as características desse planeta ainda pouco conhecido.

Júlio Molica
Ciência Hoje On-line
22/02/2006