Boa notícia para secretarias de saúde de todo o país: as medidas preventivas de controle do Aedes aegypti podem ser eficazes para combater a dengue. A ressalva é que elas devem começar bem antes da chegada da estação chuvosa, segundo concluiu um estudo realizado no Caribe. Se seguidas à risca, quem sabe essas medidas possam levar a um verão livre da dengue no Brasil… em 2010.
Técnico de saúde pública busca larvas de Aedes aegypti em Cuba. Pneus, pires e outros recipientes que acumulem água parada são locais em que o mosquito costuma colocar seus ovos (foto: WHO/TDR/Andy Crump).
A pesquisa conduzida pelo entomólogo Dave D. Chadee, da Universidade das Índias Ocidentais, na cidade de St. Augustine, em Trinidad & Tobago, concluiu que o controle de larvas realizado antes da temporada de chuvas é a maneira mais eficaz de evitar o crescimento da população do A. aegypti, transmissor da dengue. O combate à larva deve ser focalizado, com medidas tradicionais de segurança — como evitar acúmulo de água em garrafas, pneus e outros recipientes —, além do uso de inseticida.
Chadee analisou durante 25 semanas, entre março e agosto de 2003, as cidades de Curepe, com 15 mil habitantes, e St. Joseph, com 9 mil, ambas na ilha de Trinidad e com altos índices de infestação pelo mosquito A. aegypti. No início do estudo, foram encontradas larvas do mosquito em aproximadamente 1,5% dos recipientes inspecionados nas duas cidades.
Um tratamento com o inseticida químico conhecido como temephos foi aplicado em áreas da cidade de Curepe, enquanto St. Joseph não recebeu o mesmo procedimento. Em abril, um mês antes do início da estação de chuvas no Caribe, a população do mosquito caiu quase 70% na cidade tratada, ao passo que na outra houve um aumento de mais de 65%.
Proliferação mais lenta
O estudo apontou ainda que a população de A. aegypti em Curepe demorou 11 semanas para retornar aos níveis anteriores ao tratamento, muito além das seis semanas em que normalmente isso acontece, no caso de campanhas tradicionais. Chadee acredita que a falta de um tratamento prévio contra as larvas poderia explicar as falhas em tentativas anteriores de combate ao mosquito vetor.
“Os dados sugerem que a eclosão dos ovos é de certa forma previsível, mas em geral os esforços de controle do vetor são executados em resposta a epidemias, muito tempo depois do período em que essas intervenções seriam eficazes”, diz Chadee no artigo em que descreve os resultados da pesquisa, publicado em dezembro na revista Acta Tropica.
De acordo com o entomólogo, a ação prévia ao início da estação chuvosa poderia ajudar a planejar e implementar operações de controle do mosquito. “Este estudo sugere a necessidade de estratégias para uma abordagem mais sistemática do controle vetor e da preparação para epidemias”, aponta.
Igor Waltz
Ciência Hoje On-line
18/02/2009