Aos 50, ‘O anti-Édipo’ segue atual

Escrito por dois intelectuais franceses em 1972, o livro “O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1” desarmou as bases da psicanálise clássica freudiana, voltada para a família tradicional europeia, heteronormativa e burguesa, com pai, mãe e filhos. Cinquenta anos depois, a obra, de Gilles Deleuze e Félix Guattari, segue potente por refletir uma sociedade em transformação, diferentes realidades e novos arranjos familiares.

CRÉDITO: FOTOS LUIZ BALTAR

Maio de 1968, França. Universidades ocupadas por estudantes, ruas paralisadas com barricadas, manifestações diárias, greve geral nas fábricas, assembleias cotidianas em teatros. Demandava-se maior processo democrático, a defesa das liberdades coletivas e individuais. Denunciavam-se os cenários de guerra e as ditaduras civis-militares no mundo. Questionavam-se as formas de ensinar, trabalhar e viver, o aumento do desemprego. Lutava-se por mais direitos. Esse cenário contestatório está inserido em duas décadas de grande ebulição e questionamento social frente a repressões e embates na França, assim como em diversos outros locais do mundo, com causas como: feminismo, leis pelo sufrágio universal, expansão dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, com a liderança do pastor e ativista Martin Luther King (1929-1968), e o movimento Panteras Negras. No Brasil, ecoava o movimento tropicalista na cultura e a crítica à ditadura empresarial-militar, o Movimento Negro Unificado (MNU) e a valorização da cultura negra brasileira.

Thiago Colmenero Cunha
Departamento de Psicologia
Universidade Santa Úrsula (RJ)