CRIME E COVID-19 NO RIO DE JANEIRO

Modelo desenvolvido por físicos teóricos brasileiros reflete com precisão os cenários de infecção pelo vírus da covid-19 em áreas da cidade do Rio de Janeiro que vivenciam mobilidades distintas de suas populações: aquelas com plena atuação do Estado e as que estão sob o domínio ou do tráfico, ou da milícia. O modelo é também capaz de fazer previsões sobre o endurecimento ou afrouxamento do isolamento social.

Desde o início do ano passado, o mundo sofreu mudanças sem precedentes com o início da pandemia da covid-19. Outras pandemias já haviam sido documentadas, como a gripe espanhola, em 1917; a gripe de Hong Kong, em 1968; e a gripe suína, em 2009. Por isso, desde a década de 1970, modelos matemáticos vêm sendo usados para entender como essas doenças se propagam.

O fato de estarmos buscando modelos para a doença do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e, ao mesmo tempo, vivenciando a pandemia ocasionou quantidade enorme de dados e estudos sobre a evolução desse quadro.

Há consenso entre especialistas de que, para qualquer doença viral transmitida pelo ar, a probabilidade de contágio está diretamente ligada ao grau de exposição ao vírus. Naturalmente, fatores individuais (saúde do infectado, condições climáticas, uso de máscaras, ventilação do ambiente etc.) contribuem para o contágio.

Mas, em qualquer modelo, o primeiro fator a ser considerado é o grau de exposição, o qual é geralmente quantificado por um único parâmetro: isolamento social médio da população.

Nuno Crokidakis e Lucas Sigaud
Instituto de Física
Universidade Federal Fluminense