Cura do HIV, esperanças e obstáculos

O mundo foi surpreendido, em 2019, com a notícia de mais um possível caso de cura da infecção pelo vírus HIV, conhecido como vírus da Aids. O fato chamou a atenção de toda a comunidade científica por se tratar do segundo paciente totalmente recuperado dessa infecção. A estratégia terapêutica foi basicamente a mesma usada no tratamento do Paciente de Berlim, como é conhecida a primeira pessoa que ficou livre do vírus há uma década. Esses dois casos apontam para a possibilidade de cura da doença no futuro? Os obstáculos são muitos, mas a partir dessas experiências podem ser desenvolvidas novas estratégias de tratamento.

O vírus da imunodeficiência humana, o HIV (sigla em inglês do Vírus da Imunodeficiência Humana), ataca as células do sistema imunológico, podendo levá-las à morte ou alterar seu funcionamento até causar a síndrome da imunodeficiência adquirida, a Aids (sigla do inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). A Aids é, portanto, o estágio final da doença em que as defesas do organismo se encontram completamente debilitadas. O principal motivo é a perda massiva dos linfócitos T CD4, considerados células-alvo do HIV. Nessa fase, a pessoa pode ser acometida por infecções oportunistas extremamente difíceis de tratar.

É dito estágio final porque a progressão da doença é lenta na maioria dos casos. A maior parte das pessoas infectadas com o HIV convivem com o vírus replicando e circulando pelo corpo por, em média, dez anos antes de chegar à fase da Aids, mesmo na ausência de tratamento. Ao longo dos anos de infecção o vírus vai deteriorando o sistema imune, além de se estabelecer sem se replicar em algumas células do hospedeiro, que são então chamadas reservatórios virais.

Flavio Lemos Matassoli e Luciana Barros de Arruda

Instituto de Microbiologia Paulo de Góes
Universidade Federal do Rio de Janeiro