De olho em ‘velhos’ e novos antivirais

A pandemia de covid-19 impôs uma corrida por medicamentos capazes de tratar a doença, seja a partir do desenvolvimento de novas moléculas ou do reposicionamento de outras já usadas na clínica. Nessa busca, um candidato se destaca: o Remdesivir, um nucleosídeo que já está em estudos de fase clínica. Sua possível aprovação emergencial para o combate da doença é um incentivo para a retomada das pesquisas dessa classe de compostos, que prometem aplicações animadoras.

O combate aos vírus passa por compreender essas estruturas infectantes, que apresentam diversas formas e cujo tamanho é da ordem de 1 bilionésimo do metro. Vírus não são capazes de se reproduzir por divisão celular, porque, nesse processo, ocorre a duplicação do material genético das células, composto necessariamente por DNA (ácido desoxirribonucleico). E o material genético dos vírus nem sempre contém DNA.

O DNA é uma longa cadeia de nucleotídeos, estruturas compostas por um carboidrato, uma base nitrogenada e um grupo fosfato. Esses nucleotídeos são as ‘letras’ que compõem o código genético. Cada célula possui duas fitas de DNA, as quais interagem de forma complementar: a desoxiadenosina (A) de uma fita interage com a timidina (T) da outra fita (A–T), enquanto a desoxicitidina (C) interage com adesoxiguanosina (C–G).

Leandro Soter de Mariz e Miranda
Instituto de Química
Universidade Federal do Rio de Janeiro