Diversidade sexual das flores

Ao observarmos a beleza de um exuberante buquê de flores não costumamos pensar no longo processo evolutivo que levou a essa explosão de tamanhos, formas, cores e aromas. Tal variação floral corresponde a diferentes estratégias sexuais adotadas por cada uma das 300 mil espécies de angiospermas existentes no mundo. Por trás dessa diversidade, existem processos seletivos comuns a todas as linhagens. Um dos principais mecanismos de seleção sexual, a competição entre machos explica a masculinização das flores grandes e a discrição e feminilização daquelas diminutas.

A grande diversidade de flores no mundo tem encantado a todos – de poetas e artistas a românticos inveterados. Quando olhamos orquídeas, camélias, ipês, onze-horas e maracujás, percebemos que cada espécie de planta possui uma flor diferente em forma, cor, número de estruturas e tamanho, refletindo suas estratégias reprodutivas distintas. Contudo, por que algumas espécies produzem flores pequenas, sem grandes atrativos, enquanto outras são enormes e extremamente elaboradas?

Um interessante padrão evolutivo revelado recentemente ajuda a explicar essa grande variação floral existente na natureza – flores maiores, em geral, mais masculinas e atraentes, enquanto flores menores são mais femininas e menos chamativas. Esse padrão foi descoberto graças a um estudo minucioso da biomassa floral de centenas de espécies de plantas de quatro continentes, pertencentes a diferentes linhagens evolutivas das angiospermas (plantas superiores).

Na maioria das espécies de angiospermas, as flores são hermafroditas, apresentando tanto órgãos masculinos, que produzem polens, quanto órgãos femininos, responsáveis pela produção de óvulos. Elas também têm pétalas, geralmente coloridas para atrair polinizadores, além de sépalas, localizadas na base das flores, protegendo o ovário contra insetos herbívoros. Como as flores de distintas linhagens evolutivas possuem número de estruturas e forma diferentes, é muito difícil comparar muitas espécies em trabalhos evolutivos.

Carlos Roberto Fonseca e Gustavo Brant Paterno

Departamento de Ecologia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte