A pesquisa de novas drogas para combater males da saúde humana é uma tarefa árdua e demorada. A concepção de um medicamento, o isolamento de princípios ativos, testes em laboratório e, depois, testes clínicos podem durar anos; uma carreira inteira pode ser empreendida para solucionar um único problema. O custo do desenvolvimento de novas drogas também não ajuda. Os testes clínicos necessários para aprovar um novo medicamento podem alcançar milhões de reais. Por isso, quando uma droga apresenta uma aplicação inesperada, a sensação geral é de euforia.
A indústria farmacêutica moderna conta com vários exemplos de drogas que são reaproveitadas. Não estamos falando de reciclar algo que já foi usado e excretado, mas sim de redirecioná-lo.Isso quer dizer que uma droga segura e já aprovada para o tratamento de certa condição pode ser aplicada para tratar outro problema de saúde distinto.Vejamos o caso da talidomida, famoso sedativo que teve que ser retirado rapidamente do mercado por causar defeitos congênitos em recém-nascidos de mães que usaram a droga durante o início da gravidez. Essa medicação atualmente é utilizada com sucesso para tratar uma complicação inflamatória comum em pacientes com hanseníase, o eritema nodoso hansênico. Como diz o provérbio popular, atirou no que viu e acertou no que não viu.
Leandro Araujo Lobo
Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Muriel Aparecida de Souza Lobo
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)