“Nada se cria, nada se destrói, tudo se transforma”, frase atribuída ao químico francês Antoine Lavoisier (1743-1794), é excelente para imaginarmos reações químicas. Pensamos que compostos químicos são feitos por átomos que são apenas rearranjados em uma reação. Hoje, sabemos que átomos são divisíveis, mas haveria entidades menores, partículas que cumpririam o mesmo papel?
Quando o assunto é mecânica quântica – a teoria que lida principalmente com os fenômenos do diminuto mundo subatômico –, o experimento conhecido como dupla fenda é amplamente difundido. Por um bom motivo: como ele, além de simples, é bastante contraintuitivo, é compreensível sentir que, ao estudá-lo, aprendamos algo a mais sobre a natureza da matéria.
O aclamado experimento consiste em passar elétrons por duas fendas finas paralelas entre si e observar como eles se distribuem em uma tela atrás das fendas. A surpresa acontece quando tentamos interpretar o que vemos na tela – em geral, franjas que alternam listras verticais claras e escuras (figura 1) – em parte, porque a linguagem clássica, que apela para o conceito de trajetórias, falha.