Estrangeiros do passado

Com trama baseada em viajantes do tempo que passam a viver no mundo atual, série norueguesa traz reflexões sobre imigração em massa, conflitos culturais e a relação das sociedades com suas próprias histórias

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As viagens no tempo têm sido um tema recorrente na produção audiovisual recente em ficção científica, constituindo enredos centrais tanto em filmes para o cinema como em séries produzidas ou disponibilizadas por serviços de streaming. As histórias dessas obras propõem diferentes formulações para as estruturas das linhas de tempo percorridas nas viagens temporais, bem como diferentes formas de lidar com os paradoxos causados pelas possíveis violações de relações de causalidade (que acontecem quando se interfere em um evento do passado, podendo provocar mudanças no futuro). Além disso, essas histórias discutem, em diferentes graus de profundidade, várias questões existenciais, filosóficas e sociais envolvidas com o deslocamento temporal e com o próprio conceito de tempo.

Esse é o caso da série Beforeigners, produção norueguesa com duas temporadas concluídas, lançadas em 2019 e 2021. A história, ambientada na Oslo contemporânea, tem início com um episódio bizarro: pessoas começam a aparecer ‘do nada’ nas águas da baía que banha a cidade. O fenômeno se torna frequente e logo se entende que aquelas pessoas foram transportadas do passado, sem explicação aparente (pelo menos em um primeiro momento). Mais precisamente, os imigrantes do tempo (como passam a ser chamados na trama) chegam sempre de três épocas específicas, na mesma localização geográfica: século 19, era viking e pré-história. A narrativa então passa a se desenvolver em torno de dois personagens centrais: o policial Lars Haaland (Nicolai Cleve Broch) e a imigrante temporal da era viking Alfhildr Enginsdottir (Krista Kosonen), que também se torna policial no presente.