Ao embarcar para a França, em 1872, financiado pelo governo imperial para estudos na área de astronomia nos mais conceituados institutos europeus, o brasileiro Francisco Antônio de Almeida provavelmente não tinha dimensão da nova viagem que faria dois anos depois. Uma viagem que não apenas marcaria a vida pessoal do cientista, mas sugeriria o lugar que o Brasil, ainda edificado pela escravidão indígena e africana, teria em meio a um mundo científico e político assinalado pelo imperialismo e ideias racistas em franco crescimento.
Por um lado, Almeida atuou como astrônomo na missão francesa que observou a passagem do planeta Vênus pelo Sol no Japão, com o objetivo de determinar a paralaxe solar — a distância entre a Terra e o astro. Missões científicas de inúmeros países foram organizadas para a observação do fenômeno astronômico, formando uma rede global de cientistas imbuídos pelo mesmo objetivo. O Brasil, interessado em ser representado em um importante evento científico de escala internacional, enviou Almeida na missão francesa, que se dirigiu ao Japão em 1874.
Jacques Ferreira Pinto
Casa de Oswaldo Cruz
Fundação Oswaldo Cruz