Incêndios no passado do continente gelado

Exemplares de carvão coletados em 2016 pelo projeto Paleoantar em camadas formadas há 75 milhões de anos na Ilha James Ross, na península Antártica, revelam novas evidências de incêndios florestais, possivelmente causados por vulcanismo intenso

Reconstrução de um incêndio ocorrido durante o Cretáceo na Ilha James Ross, na Antártica CRÉDITO: MAURÍLIO OLIVEIRA

A Antártica é hoje um verdadeiro deserto gelado. Mas, no passado, essa região – que abriga cerca de 80% de toda a água doce do planeta – já teve um ecossistema muito diferente do atual. Há aproximadamente 75 milhões de anos, durante o período Cretáceo, a temperatura era mais amena e não existiam calotas polares.

Naquela época, a região foi povoada por dinossauros em terra firme, répteis alados chamados de pterossauros no céu e estranhos répteis marinhos, como plesiossauros e mosassauros, nos oceanos. Porém, a principal diferença dessa região no presente e no passado são as florestas. Um estudo coordenado por Flaviana Lima (Universidade Federal de Pernambuco) que acaba de ser publicado na Polar Research demonstra que a vegetação, assim como todo o ecossistema da Antártica no passado, sofria muito com incêndios.

Alexander W. A. Kellner
Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Academia Brasileira de Ciências