Interações ecológicas importam

Extinção provocada por mudanças climáticas e por alterações no uso do solo pode impactar a relação entre espécies, afetando os chamados serviços ecossistêmicos, como controle de pragas e de vetores de doenças

Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que a extinção de espécies causada pelas mudanças climáticas e por alterações no uso do solo pode impactar a diversidade de interações entre espécies, o que afetaria serviços ecossistêmicos derivados, como o controle de pragas agrícolas e de vetores de doenças.

A perda de biodiversidade não se resume apenas à extinção de espécies, mas também inclui a perda de outras dimensões, como a diversidade funcional, evolutiva e de interações, assim como a perda dos serviços ecossistêmicos ou da funcionalidade do ecossistema. Os serviços ecossistêmicos são benefícios que os seres humanos obtêm dos ecossistemas naturais, como alimentos, água limpa, ar puro, polinização, regulação do clima, controle de enchentes, recreação e muitos mais. 

Esses serviços são essenciais para a sobrevivência humana e o bem-estar, mas muitas vezes são dados como garantidos, sem serem valorizados adequadamente. No entanto, cada uma dessas formas de quantificar a biodiversidade (taxonômica, funcional, evolutiva e de interação) pode responder de forma diferente à perda de espécies. 

Inicialmente, os cientistas consideravam que os serviços ecossistêmicos estavam diretamente relacionados com a riqueza de espécies. Assim, pensava-se que quanto mais espécies havia em uma comunidade, maior a proporção de serviços ecossistêmicos prestados. No entanto, com o passar dos anos, foi demonstrado que essa relação não é linear, mas sim tende à saturação, uma vez que espécies podem ser redundantes em seu papel no ecossistema. 

A partir disso, os pesquisadores propuseram que a diversidade funcional pudesse estar mais relacionada aos serviços ecossistêmicos, uma vez que ela representa os papéis funcionais das espécies presentes na comunidade, levando em conta suas similaridades e diferenças. Assim, desde então, a diversidade funcional é utilizada como variável para representar o potencial de serviço ecossistêmico de um ecossistema.