CIÊNCIA HOJE: Pode falar da atuação de Farmanguinhos (Far) no tratamento de HIV e do que se trata o acordo com a GSK e a ViiV Healthcare?
JORGE MENDONÇA: Farmanguinhos, desde o final da década de 1990, vem atuando fortemente na produção de medicamentos para o tratamento do HIV. O instituto tem uma importância fundamental na sustentabilidade do programa nacional de HIV/Aids porque, por vários momentos, não só supriu o fornecimento de medicamentos, mas, também, conseguiu baixar muito o preço e servir como um balizador de tecnologia e de preços. Por volta de 2008, com a força do programa federal, Farmanguinhos obteve licença compulsória para produzir o efavirenz, na época o antirretroviral mais utilizado, o que trouxe uma redução de custos grande para o programa. Farmanguinhos tem, portanto, uma história importante de suporte ao programa, é o maior produtor de antirretrovirais do país. Hoje fornecemos ao Ministério da Saúde o que chamamos de 2 em 1, que é uma combinação de tenofovir com lamivudina, que, na ponta, é utilizada com o dolutegravir. Com essa parceria assinada ano passado, que chamamos de aliança estratégica, a partir de 2022, Far passa a fornecer os dois principais medicamentos para o tratamento do HIV, o dolutegravir, da GSK, e mais a combinação de tenofovir com lamivudina, que já fornecemos. A primeira remessa do dolutegravir chega agora em janeiro e será distribuída pelo SUS com a embalagem do Ministério da Saúde. Nos próximos dois anos, com a transferência de tecnologia, esperamos já estar produzindo o dolutegravir dentro de Farmanguinhos e, no futuro próximo, fabricar a combinação dele com lamivudina ou outras combinações que o Ministério da Saúde, por meio do programa de DST/Aids, aprove.
Por Valquíria Daher
Jornalista, Instituto Ciência Hoje