Mecanismos de ação dos vírus gigantes

Desde que o primeiro vírus teve sua estrutura decifrada em 1935, acreditava-se que esses agentes infecciosos eram extremamente pequenos, medindo de 20 a 300 nanômetros (milionésimos de milímetros). Mas essa concepção mudou em 1992, com a descrição do mimivirus, com cerca de 500 nanômetros. De lá pra cá, muito tem se estudado – mas pouco se sabe – sobre esses vírus gigantes. Um novo modelo experimental idealizado por brasileiros permitiu avançar com passos largos nesse conhecimento.

Apesar de nosso conhecimento sobre os vírus ser relativamente recente, desde os primórdios da civilização há registros dos impactos ocasionados por esses microrganismos. Documentos mesopotâmicos datados de 2300 a.C. descrevem a existência de indivíduos acometidos pelo vírus da raiva, enquanto, na Grécia Antiga, pessoas que apresentavam sintomas do mesmo vírus eram chamados de ‘Lyssa’.


Década após década, o crescimento populacional e os pequenos avanços tecnológicos favoreceram a crescente curiosidade humana, permitindo que a pesquisa científica pioneira ocupasse os espaços antes preenchidos por explicações mitológicas ou sobrenaturais

A natureza aparentemente espontânea do surgimento da capacidade desses agentes provocarem lesões ou doenças (patogenia) levava muitas vezes à sua associação com causas místicas. É o caso do Egito Antigo, onde alterações do comportamento canino eram atribuídas à influência sobrenatural da estrela Sirius. Década após década, o crescimento populacional e os pequenos avanços tecnológicos favoreceram a crescente curiosidade humana, permitindo que a pesquisa científica pioneira ocupasse os espaços antes preenchidos por explicações mitológicas ou sobrenaturais.

O processo da descoberta dessas entidades, atrasado principalmente por limitações tecnológicas, é marcado pela participação de alguns personagens chaves: cientistas como o francês Louis Pasteur (1822-1895), que propôs a existência de minúsculos agentes infecciosos não visíveis ao microscópio, e o holandês Martinus Beijerinck (1851-1931), que postulou que a doença do mosaico que atingia as folhas de tabaco era provocada por um patógeno não bacteriano, ainda menor que os poros do filtro usado nas experiências da época. A esse patógeno, ele deu o nome ‘vírus’, e os pesquisadores que estudavam os vírus passaram a ser chamados de virologistas.

Gabriel Nunes,
Juliana Oliveira,
Victor Essus,
Vitória Lyra,
Eduarda Benício e
Juliana Cortines

Instituto de Microbiologia Paulo de Góes,
Universidade Federal do Rio de Janeiro