Museus do século 21: um desafio para as políticas culturais

O que é um museu? Uma instituição permanente ou uma experiência social? Com ou sem fins lucrativos? Aberta ao público ou destinada a servir aos interesses das elites? A serviço da sociedade ou da justiça social? O museu educa ou promove o entendimento do mundo? Ele guarda artefatos e espécimes ou preserva o patrimônio tangível e intangível da humanidade? Quais são as suas funções e características primordiais no século 21? Todas essas perguntas vêm ocupando as mentes especializadas dos profissionais de museus e da museologia. Algumas até são consideradas questões antigas, porque, desde meados do século passado, povoam os debates no centro político da área.

As discussões internacionais sobre a definição ‘oficial’ do museu do século 21 foram retomadas pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM) em 2016, após a aprovação pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 2015, de uma Recomendação sobre a Proteção e Promoção de Museus e Coleções, sua Diversidade e seu Papel na Sociedade. A partir de janeiro de 2017, foi estabelecido um comitê específico para propor uma nova definição de museu: o Comitê Permanente para a Definição de Museu, Prospectivas e Potenciais (MDPP, na sigla em inglês). Entre suas atribuições, o comitê deveria apresentar alguns novos textos para a definição de museu para serem votados em assembleia extraordinária na Conferência Geral do ICOM de 2019, realizada em Quioto, no Japão. Aprovada, a nova definição seria incorporada como uma emenda ao estatuto da organização para ser adotada em legislações nacionais em diversos países e orientar políticas públicas no campo dos museus ao redor do mundo.

Contudo, a pretensão à universalidade dos termos que definem os museus – estes últimos reconhecidos atualmente por sua diversidade e por sua fluidez potencial nos diferentes contextos culturais – é o paradoxo fundante de um debate que até o momento não apresentou uma resposta possível de ser um consenso mesmo no seleto grupo de membros do ICOM ou entre os profissionais que atuam nos museus centrais.

Bruno Brulon

Escola de Museologia
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro