Por mais estranho que possa parecer, uma operação ocorrida no final da Segunda Guerra Mundial tem grande similaridade com o programa Big Brother. Capturados por militares do grupo dos Aliados – composto por Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos –, dez cientistas alemães foram encarcerados em uma casa de campo em Godmanchester, na Inglaterra. A casa, conhecida como Farm Hall, teve todos os seus aposentos e áreas externas equipados com microfones ocultos. Durante seis meses, as forças aliadas escutaram as conversas e tiraram suas conclusões. Esse ardil foi chamado operação Epsilon.
Os cientistas monitorados eram físicos e químicos considerados brilhantes, muitos deles haviam trabalhado ou contribuído, ainda que involuntariamente, para o desenvolvimento do programa nuclear nazista. Os dois nomes de maior destaque são Otto Hahn (1879-1968), que recebeu o Nobel de Química em 1945, por descobrir o princípio da fissão nuclear, essencial para o desenvolvimento das bombas atômicas; e Werner Heisenberg (1901-1976), Nobel de Física em 1932, por suas contribuições na criação da mecânica quântica, e que ficou conhecido pelo seu princípio da incerteza, mas foi o principal cientista do programa alemão de armas nucleares.