Ciência Hoje: Como começou o projeto Ciência Cidadã Pantanal e do que se trata?
Alberto Dávila: O Ciência Cidadã Pantanal é parte da iniciativa #GenomicLab [organização sem fins lucrativos voltada à divulgação científica entre populações em vulnerabilidade], que nasceu a partir do projeto de divulgação científica #GenomicDay, um dia no ano em que cientistas e professores iam às escolas públicas para falar sobre genômica, aqui no Brasil. Isso cresceu, chegou a outros países da América do Sul e, este ano, também vai acontecer na Espanha e em Portugal. Foi dentro do #GenomicLab que criamos o projeto Ciência Cidadã Pantanal. Chamei colegas de universidades federais e estaduais, unidades da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], ONGs e algumas empresas privadas para se juntarem ao projeto, que é muito importante porque entre 27% e 30% do bioma do Pantanal localizados no Brasil foram queimados, e isso equivale a quase 30 vezes o tamanho da cidade de São Paulo ou à Dinamarca inteira.
O Pantanal como um todo tem 179 mil quilômetros quadrados, e, desse total, 78% estão localizados no Brasil. O resto está distribuído entre Bolívia e Paraguai. A área queimada foi gigantesca, é como se um país europeu inteiro tivesse sido incendiado. É importante fazer essa comparação porque se fala muito da Amazônia e da Mata Atlântica, mas a maioria das pessoas não conhece o bioma do Pantanal de fato. Diante desse impacto todo, conseguimos sensibilizar uma grande rede para esse projeto. Assim, começamos a receber doações de material, como tubos, ponteiras, pipetadores, entre outros, que foram suficientes para fazermos a primeira coleta de amostras para extrair o DNA, em dezembro de 2020 e janeiro deste ano. Recolhemos amostras de água de lagoas e do solo do Pantanal. O próximo passo é sequenciar o DNA dessas amostras.
Por Valquíria Daher
Jornalista, ICH