O DNA de Beethoven

Com o avanço da tecnologia de sequenciamento do genoma humano, foi possível obter informações diretamente do material genético presente em mechas de cabelo do compositor alemão. Análises evidenciam uma predisposição genética para doença hepática.

A partir do estudo de oito mechas de cabelo atribuídas a Beethoven, foi possível
determinar possíveis causas genéticas e infecciosas das doenças do compositor alemão.

CRÉDITO: KEVIN BROWN / AMERICAN BEETHOVEN SOCIETY

Escrevo este texto ouvindo ‘Sonata ao luar’, de Ludwig van Beethoven (1770-1827), música sublime do influente compositor clássico alemão. Um detalhe curioso é que o nome ‘Sonata ao luar’ não foi dado por ele e, sim, cinco anos após a sua morte, pelo crítico musical e poeta alemão Ludwig Rellstab (1799-1860), que comparou o famoso adágio ao luar tremulando no lago Lucerna. Sempre pode haver pequenas surpresas em insuspeitados detalhes.

Há muitos relatos falsos sobre a vida e carreira de Beethoven como compositor e pianista, pontuada por inúmeros problemas de saúde, como a surdez progressiva, recorrentes queixas gastrointestinais, alcoolismo e doença hepática. Ele pediu aos irmãos que, após a sua morte, essas doenças fossem descritas e tornadas públicas. Desde então, médicos biógrafos propuseram diferentes hipóteses diagnósticas, incluindo várias doenças genéticas.

Com o avanço da tecnologia de sequenciamento do genoma humano, tornou-se possível obter informações diretamente do DNA de Beethoven. A partir do estudo de oito mechas de cabelo atribuídas a ele, em abril deste ano, o antropólogo inglês Tristan Begg e seus 32 colaboradores publicaram no Current Biology um artigo científico sobre possíveis causas genéticas e infecciosas de suas doenças.