O racismo no futebol

Atitudes discriminatórias no esporte ainda persistem. Agressões verbais ou físicas, ações hostis e desrespeitosas para com os atletas de diferentes cores e etnias devem ser coibidas energicamente. A discriminação ‘racial’ está na contramão da ciência.

Vini Jr. dando um basta ao racismo

CRÉDITO: INSTAGRAM VINI JR

O jornalista Mário Filho (1908-1966), em seu clássico O negro no futebol brasileiro, faz relato interessante: Robson, jogador do Fluminense nos anos 1950, e Orlando Pingo de Ouro – que depois jogou no Atlético Mineiro – iam para a sede do tricolor carioca em carro que teve de dar freada brusca. Um casal preto, aparentemente bêbado, atravessou a rua sem olhar. Enfurecido, Orlando gritou: “Seus pretos sujos”. E Robson, tentando acalmá-lo, disse: “Não faz, Orlando. Eu já fui preto e sei o que é isso”.

Nessa época, injúrias e discriminações motivadas pela cor das pessoas também se manifestavam dentro dos campos de futebol, onde deveria prevalecer o espírito olímpico e a bioequalidade entre atletas treinando para trabalhar em equipe. Os negros enfrentavam insultos racistas de colegas jogadores, de torcedores de times adversários, quando não dos treinadores e dirigentes de clubes.

O primeiro bem documentado incidente de racismo no futebol brasileiro ocorreu em abril de 1914, durante partida Fluminense X Exeter City. A torcida do time inglês desacatou o jogador de ascendência afro-brasileira Arthur Friedenreich, um dos melhores da época. Ele se destacava pela excepcional agilidade, e foi vitimizado com insultos racistas e até objetos lançados contra ele no campo. Apesar do ambiente hostil, Friedenreich manteve o foco e fez o único gol do jogo, levando o Fluminense à vitória.

Decorrido mais de um século, atitudes racistas no esporte ainda persistem e enfatizam a necessidade contínua de combatê-las.