Fui uma criança que encontrou, nos livros, caminhos para andar a vida. Nasci na capital federal, em 1978, em uma família negra, de mãe mineira, professora, e pai sergipano, operador de computadores na Universidade de Brasília (UnB). Cresci na Ceilândia, periferia proletária. Só vi asfalto na minha rua aos 10 anos de idade, mas eu corria o mundo com os olhos, subindo o telhado para admirar o céu e a linha do horizonte, e lendo vorazmente, desde pequena, o que meus pais compravam e o que estava disponível na escola pública em que minha mãe lecionava.
Ela, a primeira pessoa da família a entrar em uma universidade, no curso de Pedagogia (o meu nome se deve ao fato de ela adorar o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau – 1712-1778), sempre me levava às suas aulas, e pedia que eu não fosse professora! Desabafava que a profissão é muito desvalorizada, e não queria que eu tivesse o sonho de formar pessoas e fosse desprezada. Mas saiba que eu sou teimosa.
Jaqueline Gomes de Jesus
Instituto Federal do Rio de Janeiro