Patrimônio paleontológico do Brasil ameaçado

A primeira lista de bens culturais brasileiros em risco de serem traficados inclui fósseis e busca chamar a atenção, em nível nacional e internacional, para a necessidade de preservação desse material  

Crânio do pterossauro Tupandactylus navigans, encontrado em camadas de 115 milhões de anos na Bacia do Araripe, no Nordeste do Brasil, e retirado ilegalmente do país

Crédito: Alexander Kellner

Normalmente, quando se fala em bens culturais, as pessoas pensam em obras de arte, como quadros e esculturas. No entanto, existe uma diversidade de objetos que carregam grande valor para determinado país. E não é de hoje que esses objetos têm sido traficados ao redor do mundo. Nenhum país está livre de ter o seu patrimônio furtado, particularmente se este é atrelado a algum valor monetário.

Visando combater esse comércio ilícito, o Conselho Mundial de Museus (ICOM) – organização não governamental fundada em 1946 e ligada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) –, tem publicado listas onde constam objetos com risco de serem traficados. Até o momento, já existem 20 desses levantamentos, sendo o último dedicado ao Brasil.

O lançamento da Lista Vermelha de Objetos Culturais Brasileiros em Risco ocorreu em 14 de fevereiro de 2023 no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e foi carregado de imensa emoção. Além de ter sido muito esperada por todos aqueles que defendem o patrimônio cultural nacional, pela primeira vez a lista inclui material paleontológico, resultado de intenso trabalho de conscientização dos pesquisadores brasileiros ao nível nacional e internacional. Estiveram no lançamento, entre outras autoridades, a presidente do ICOM, Emma Nardi, que valorizou os esforços dos profissionais do Brasil para a elaboração da lista, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e a presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Fernanda Castro, que destacaram a importante contribuição desse levantamento.