Com carreira acadêmica iniciada a partir da política de cotas, a historiadora Rayane de Araújo se dedica ao estudo do genocídio indígena e atua pela conscientização em relação aos povos originários
Com carreira acadêmica iniciada a partir da política de cotas, a historiadora Rayane de Araújo se dedica ao estudo do genocídio indígena e atua pela conscientização em relação aos povos originários
Minha trajetória no mundo acadêmico é semelhante às de outras jovens filhas da classe trabalhadora que, nos últimos 20 anos,por meio da política de cotas, conquistaram espaço nas universidades públicas como as primeiras ou algumas das poucas representantes de suas famílias nesses espaços. Sou produto de um sonho coletivo de pessoas marginalizadas que ousaram sonhar e lutar para que as gerações seguintes tivessem melhorias nas condições de vida, acesso à educação pública, gratuita e de qualidade e, especialmente, às universidades. Luta que ainda não acabou.
Nasci em 1994, em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio de Janeiro, terra da eterna Elza (deusa) Soares e da escola de samba Mocidade Independente. Destaco isso porque a vida no subúrbio foi fundamental na construção da minha percepção sobre a realidade e na minha forma de me posicionar no mundo. Sou filha de José Luiz, ex-metalúrgico e ajudante de pedreiro, hoje, aposentado, e de Sônia Regina, que trabalhou como faxineira, babá, explicadora, entre outros. Estudei o ensino básico em escolas públicas(municipais e estaduais)e a principal incentivadora para que eu me dedicasse aos estudos era minha irmã mais velha, Angélica, que também ajudou a me criar.
Na minha realidade social, desde criança, a educação representava uma oportunidade de melhoria de vida (talvez o único caminho possível para isso). Já a partir da adolescência, de forma muito romântica, ela se tornou, aos meus olhos, também um meio pelo qual eu sentia que poderia contribuir para um mundo melhor, na busca do que só hoje consigo nomear: “justiça social”.Foi por isso, e inspirada por um dos meus professores de ensino fundamental, que decidi, lá pelos meus 15 anos, que queria ser professora de história.
Na minha realidade social, desde criança, a educação representava uma oportunidade de melhoria de vida (talvez o único caminho possível para isso)