Pitonisa Brasileira

Da troiana Cassandra à Cartomante carioca de Machado de Assis, uma viagem pelo labirinto das profecias e dos oráculos

CRÉDITO: IMAGEM ADOBE STOCK

Segundo o filósofo húngaro Peter Pál Pelbart, a profecia é como um labirinto e é também uma crueldade dos oráculos, pois suas interpretações são múltiplas e ambíguas. Para decifrá-las corretamente, seria preciso que todos tivessem o fio de Ariadne que guiou Teseu para fora do labirinto de Dédalo. É preciso pensar esse fio como a palavra certa, aquela que vai desvendar os enigmas, mas isso é impossível porque uma profecia jamais garantirá a salvação, uma vez que “pode ser justamente o anúncio de uma catástrofe”.

Comecemos por Cassandra, a jovem pitonisa filha dos reis de Tróia. Dizem que Apolo se apaixonou pela moça e exigiu que ela se entregasse a ele. Apolo lhe prometeu o dom da profecia. Cassandra concordou, mas assim que recebeu o dom se recusou a deitar com o deus. Furioso, Apolo cuspiu-lhe na boca e como não podendo retirar-lhe o dom, tirou da jovem a credibilidade. Cassandra, então, tornou-se uma personagem angustiada, que lutava para que acreditassem nela. Tudo que ela falava era a mais pura verdade, mas ninguém lhe dava ouvidos. Os oráculos e as pitonisas eram comumente consultados pelo povo grego, que nem sempre conseguia interpretá-los.