A engenheira costeira Susana Vinzon explica como o projeto Orla Sem Lixo busca solução inovadora para livrar a baía da poluição por resíduos sólidos, com olhos voltados para o impacto social
A engenheira costeira Susana Vinzon explica como o projeto Orla Sem Lixo busca solução inovadora para livrar a baía da poluição por resíduos sólidos, com olhos voltados para o impacto social
Um laboratório vivo dentro da Ilha do Fundão em busca de soluções para o lixo flutuante da Baía de Guanabara, o projeto Orla Sem Lixo vem, em seu pouco mais de um ano de atuação, movimentando estruturas, juntando pesquisadores de diferentes áreas e trazendo esperança de resolver um problema de décadas. “Estima-se algo em torno de 80 toneladas por dia de resíduos sólidos fluindo para a Baía de Guanabara”, aponta a coordenadora do projeto, Susana Beatriz Vinzon, professora do curso de Engenharia Costeira e Oceânica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Multidisciplinar, o Orla Sem Lixo parte da interceptação do lixo na água e vai até a reciclagem química, evitando levar resíduos a aterros sanitários, e envolve os pescadores da baía, população vulnerável que vem sofrendo com a poluição. Susana conta que a tecnologia pode ser escalada para qualquer baía, mas o projeto-piloto tem foco na Ilha do Fundão. “Sem o lixo, podemos ter uma área de lazer para a população do entorno, um espaço de convivência para a comunidade da universidade e uma fonte de renda para os pescadores”, prevê.
CIÊNCIA HOJE: Como nasceu o projeto Orla Sem Lixo e qual seu principal objetivo?
SUSANA VINZON: A prefeitura da Cidade Universitária [Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro] nos procurou um pouco antes da pandemia e começamos a olhar o assunto. A conversa vem de longe, mas nós, efetivamente, começamos a trabalhar em setembro de 2021. O Orla Sem Lixo busca uma solução para o lixo flutuante nos oceanos. Temos um fluxo contínuo de lixo, especialmente o plástico que não se degrada, no caminho para o oceano. Mais de 80% são de origem continental, ou seja, vêm da drenagem das águas das cidades. No caso do Rio de Janeiro, a Baía de Guanabara é o principal receptáculo de lixo via drenagem, especialmente dos municípios da Baixada Fluminense. É evidente que precisamos mudar os hábitos, melhorar a coleta do lixo, educar as pessoas para que descartem o lixo de forma adequada… Há uma série de ações a se tomar, porém nós temos uma questão urgente que é barrar o lixo nesse fluxo contínuo para os oceanos. Estima-se algo em torno de 80 toneladas por dia fluindo para a Baía de Guanabara.
Temos uma questão urgente que é barrar o lixo nesse fluxo contínuo para os oceanos. Estima-se algo em torno de 80 toneladas por dia fluindo para a Baía de Guanabara